"Was it love..

..or fear of the cold that led us through the night?" (Mumford & Sons - Winter Winds)

Há dias eu acordava bem, totalmente disposta, diferente da maioria dos dias melancólicos que assolavam minha reles existência nesse universo antes de te conhecer. Eu me sentia bem por estar fazendo você se sentir bem.

Eu havia me encontrado em você, ou me perdido, ainda não sabia ao certo, o que pouco importava tendo em vista que a unica certeza que eu queria ter era a de te ter sobre a minha cama, debaixo das minhas cobertas, ao final de uma semana molesta.

Mas não demorou muito e tudo ficou confuso. Em um suspiro você surgiu na minha vida e em outro suspiro já não estava tão presente. Ouvi pessoas dizerem por aí que o que é bom dura pouco... verdade.

A semana transitava a passos lentos, porque o reforço da minha existência já não se fazia tão presente. Você achou em alguém alguma coisa que não tinha encontrado em mim e aquela coisa que a gente havia construído foi perdendo a forma, até cair por terra.

Sabe, eu tinha a convicção de que era o meu jeito liberal demais que não se encaixava dentro dos teus princípios, mas essa era só uma daquelas hipóteses que a gente cria para nos sentirmos menos mal e colocar a culpa sempre no outro quando algo que almejamos não sai como o planejado.

Aos poucos fui te perdendo e ela te ganhando. E essa luta incessante estava me esgotando, porque nadei por quilômetros e estava prestes a morrer na beira da praia. Então preferi ficar longe, mas não consegui ficar tão longe assim.

Até que percebi que a sua ausência não me fazia bem, mas a sua presença, não muito frequente, estava me fazendo muito pior. E com o tempo eu percebi também que não existia mais amor em nenhum de nós, nunca existiu. A única coisa que tínhamos sentido, de verdade, era medo daquele vazio colossal que as noites frias de inverno poderiam nos trazer.

Te dispus contra a parede e com voz de choro discorri palavras que te fizeram entender minha sentença: ou era ela, ou eu. Você nem me olhou nos olhos e com a cabeça baixa disse: “Eu prometo que vou pensar”; mas o teu corpo frio, teus olhos sem brilho e tuas poucas palavras já me davam certeza de uma resposta.

Por muito tempo me enganei achando que era melhor te desfrutar pela metade do que a dor de não te ter mais, mas chega uma hora em que a gente cansa, e eu cansei de ser amante.

Angelica Stefaniak
Enviado por Angelica Stefaniak em 20/06/2018
Reeditado em 23/07/2020
Código do texto: T6369354
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.