minha poesia

Mora em minha memória

O primeiro dia em que te vi tocar o céu,

entoando silenciosa a força do canto,

que ainda ecoa em meus poros.

Talvez eu me torne só mais uma velha canção

Uma lembrança mal lembrada

Uma poesia esquecida na gaveta

Um papel amarelado pelo tempo

Ao menos, querida,

me transforme numa bela história de amor.

Pra que assim eu possa me tornar folha seca,

donde pisas e donde o vento possa me levar ate ti,

assim, poderei me eternizar em teu âmago,

em seus cabelos brancos,

em sua eternidade, em sua mansidão.

Talvez não possa ficar,

pois se enamora por alguém que foi feito pra voar

E se eu quiser pousar em teu riso, em teu peito?

Hoje posso finalmente, passear pelo teu corpo

Descobrir suas ruínas, medos, anseios, e desejos.

Será então que ainda serei poesia,

caso descubras minhas fragilidades, meus medos, minhas lágrimas, meus erros e dores.

Posso ser então, tua criação;

Tu me inventas como um Deus inventa galáxias e demônios;

Será que pertenço a mim, ou ja estou entregue ao seu silêncio taciturno, como aquele sol, que outrora me queimava a pele,...?

Quem sabe nossos sertões,

Nossa sede da água que escorre sob o corpo soado, nossa fome de poesia, de tristeza que nos mantém e do riso que nos supre;

Quem sabe nosso deserto,

Nossa cama, nossa transa, nosso calor

Quem sabe nossa cidade,

Nosso laço, nosso enrosco, nosso amor

Quem sabe um dia qualquer,

Eu me transforme em realidade ja bem vivída, e cansada então, vas buscar o frescor da nova paixão para nutrir o poema de cada dia;

Não tem problema, nena

Irei me bastar em virar história de amor,

Irei me bastar em viver em sua ruína, naquela casa,

com um leão manso no nosso quintal

Irei me bastar em ser o leão manso

Que te visita em sonhos

E sopra teus olhos ao deitar-se

Ruge suave ao movimento dos tempos

Quem sabe nossos ventos,

Nosso impulso impetuoso, nossa lentidão,

nossa preguiça, nosso sopro nos ouvidos do mundo,

nosso frio trivial,

Quem sabe nossas águas,

Mergulhando no nosso gozo, nossas pernas escancaradas, nos perdemos em nosso infinito, e nos tornamos chuva de verão

Mas o mar sempre irá morar dentro do teu peito,

Sinto sal em minha língua

Sinto o doce do teu gosto

Quem sabe nosso fogo,

Nossas noites viradas, nosso suor pintando a parede, seu calor despindo minha pele de qualquer mistério,

Nossa luz, fazendo nos enxergar quem somos enfim,

Podendo assim

"Só amar, e só."...é o que sei.

Mas quem sabe,

eu não saiba de nada.

Não se iluda, querida. Ainda sim serei real, como um sonho cigano.

E poderemos navegar rumo à ilhas distantes e desconhecidas,

Descobrir tesouros e desvendar mistérios

Nos simples olhares abertos.

E entrega d'alma..

E eu, já não sou mais eu

Sou mais do que posso ser. Torno me infinita.

Morando enfim nos seus lábios memória, seu corpo canção

e poesia.

Lírio Gita
Enviado por Lírio Gita em 11/07/2018
Código do texto: T6387446
Classificação de conteúdo: seguro