Filho do Ódio

O que seriam boas lembranças?

Momento que confortam sua alma em momentos de aperto, o ápice final da vida que se desprende desse plano, significado para seguir em frente, experiencias que tornaram seu ser alguém mais forte, uma onda de calor nos dias frios da alma?

Notoriamente eu desfio cada vez meus sentimentos, me sinto vazio de positividade, é difícil ser um filho do ódio fingindo ser feliz, mostrar sorrisos com caninos tão afiados para o destino, espremer os olhos em uma troca de carícias quando as pupilas são pintadas a mão por um pincel de raiva e angústia. Não que eu me sinta não realizado, mas que chegar até aqui me trilhou um caminho de raiva, nunca escolhi ter esses olhos, negros que demonstram raiva, ódio, desprezo, faz jus ao meu estado de comissário da morte, rodeado de negatividade, aura fúnebre e o senhor do altruísmo.

Minhas boas lembranças variam-se da raiva, do sequestro emocional que o maníaco pintor providenciou para meus planos, ele tirou oque era mais importante pra mim e mesmo assim eu continuo a seguir em frente, não por amor ao próximo, paixão ou vontade de viver, mas para ter uma vida trilhada por vingança, encontrar perdão de quem merece e expurgar tal veneno divino diretamente da veia.

Não me leve a mal por pensar negativamente sobre a vida, amo-a demais para desistir mas odeio-a demais para que seja levado positivamente, espero que não fique zangado comigo por escolher esses olhos, pois quando eles nasceram, você foi a primeira a alimentá-lo com sua ignorância, o que mais me doeu foi a virada de costas, o abandono materno, sua despedida de amizade, fuga da realidade e por fim, seu amor inacabado.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 15/08/2018
Reeditado em 16/08/2018
Código do texto: T6420297
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.