Carta de uma Exilada ou Síndrome do Pânico

Infelizmente não existem melhores datas ou horários em minha vida, que há muito não me pertence. As coisas vão acontecendo...

A paranóia tomou conta de tudo à minha volta e eu procuro sobreviver da melhor forma possível.

Sinto muita falta dos Amigos. Não só de tomar um “chopinho” de vez em quando, como eu sempre fazia em outros tempos, mas também e, principalmente, falar do Ser que Sou (e hoje já nem sei se Sou ou Fui), ouvir o Ser de meus Amigos e trocar, trocar, trocar afagos, trocar idéias.

Hoje minha troca com as pessoas acontece apenas de forma virtual (menos do que pior, mais (e ou) melhor do que nada, como seria, se não fosse a Internet) e é muito difícil para mim, essa mutilação em minha personalidade, em meu Ser.

Sei que alguns Amigos sentiram minha falta e, talvez, não tenham encontrado uma explicação para essa ausência, ou, talvez, saibam responder e explicá-la melhor do que eu, que aguardo uma resposta do tempo, uma resposta da vida, uma resposta ...

Não sei nada mais de mim. Não sei nada mais do que Sou.

Só sei o que eu fui e hoje já não posso Ser.

Sei o que sinto e o que deixei de sentir no exílio de meu Ser,

O que deixei de sentir esperando essas respostas do tempo, esperando...

Esperando essas respostas do acaso, esperando que o tempo e ou o acaso me façam emergir desse exílio.

Por acaso, alguém conseguiria entender alguma coisa do que eu digo?

Apenas puro desabafo...

Talvez, quem sabe, qualquer dia, qualquer hora, num lugar qualquer, eu possa parar pra falar do meu Ser ou do Não Ser. Seja lá onde for. Talvez fosse hoje o melhor dia, mas como saber?

Juro que ainda não estou completamente louca, mas só um pouquinho...

Do acaso e do tempo emergirá também minha sanidade.

Se eu sobreviver, quem viver verá!

Voltarei das trevas a que me impus, voltarei do exílio. Voltarei...

Só não sei se até esse dia, alguém ainda lembrará do meu Ser real, da pessoa que conheceram e com a qual de alguma forma se encantaram e do Ser livre e sem fronteiras que SOU (ou será que não sou, não fui, ou não serei nunca mais?).

Sei lá, só sei que nada sei...

De repente me vem à lembrança Fernando Pessoa.

Meu Deus, eu nem lembrava que ele existiu, nem lembrava mais dos poemas, que tanto eu admirava...

Onde foi parar minha mente?

Oh mente, oh espírito, não fuja deste corpo que precisa de ti!!!!

Clara Nogueira
Enviado por Clara Nogueira em 29/10/2005
Reeditado em 11/07/2008
Código do texto: T65143
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