Carta de um desconhecido

Caro amigo, eu gostaria de saber como você está, como vai a faculdade, o trabalho, o namoro. Eu espero mesmo que tudo esteja bem. Eu também gostaria de falar um pouco sobre uma de nossas últimas conversas, sabe?

Eu devo reconhecer o quanto você estava certo e confessar que você, que pouco me vê, muito me conhece. Realmente havia muita tristeza em meu olhar e não adiantava tentar justificar com cansaço. Você percebeu, não é mesmo? Hoje eu ainda me pego meio triste algumas vezes. É estranho me sentir assim, sabe? Essa sensação de ser descoberto é meio nova para mim. Mas saiba que essa tristeza, ou melhor, esses momentos tristes têm me ajudado a crescer bastante. Encontrei em meu olhar triste uma calmaria de mar sem lua que não sei explicar.

Eu duvido ainda se sou eu ou um outro alguém, um pseudônimo ou pseudoêunimo que é deveras triste. Talvez seja até ele que escreve agora, fingindo ser um outro eu de uma época aquém, onde esconder essas agonias era simples e imperceptível. Mas e agora que você sabe? É como se meu silêncio ganhasse barulho e restasse um eu que não me pertence.

Crônicas de um Ignorante
Enviado por Crônicas de um Ignorante em 09/12/2018
Reeditado em 13/01/2019
Código do texto: T6522987
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