Lembranças não anulam nosso término

Lembranças não anulam nosso término. Memórias não nos fazem voltar a sermos quem éramos. Não há escapatória. Não existe meio termo. O que acabou, acabou. É como o fim da reta, o verso em branco da última folha. Quando só o que resta é a degradante experiência de saber que nem tudo que acaba tem fim.

Súbito. Aleatório. Sem nexo. Um oceano em território continental. Separação absurda, incabível, inimaginável. Completamente fora de hora e de contexto, mas surpreendentemente factível e real. Acabou. Como uma frase interrompida no meio ou como uma piada sem desfecho.

Você não nos incluiu nos seus planos, e de tanto planejar só, esqueceu-se que histórias com um único personagem só funcionam em naufrágios. Nós não somos ilhas isoladas. Estivemos conectados por tempo demais.

O apego te servirá de lição. Pra quando pensar e mim e quiser saber como sinto, pra quando me vir na rua e perceber que estou bem, pra quando tentar me ligar e ouvir a mensagem que gravei pra você.

Lembranças não anulam nosso término. Acabou. E este é o fim que você não soube dar.