Oi, estou perdida no paraíso

Hello,

Não havia som algum, não havia sentimento algum, não havia um segundo se quer para eu me recuperar. Eu estava perdendo uma vida, a minha vida. Eu deveria ter me recuperado, seguido em frente como eu pensei que faria, eu deveria fechar meus olhos e dormir em paz sem sonhar com um pátio de escola, sem sonhar com tudo o que eu não tenho mais. Agora, eu estou numa vida que não faz mais sentido algum, e mesmo com todos esses deveres que mencionei, eu não consigo. Tudo é uma questão de perspectiva e a minha se tornou a pior que poderia se ter. Eu sou um nada no meio do universo e talvez seja por isso que tudo aconteceu, talvez seja porque uma lição eu tinha que aprender. Mas e você? É justo que eu viva com o fardo sozinha? É justo que só eu perca minha sanidade? Eu disse a você, a vida também pode ser morte, como um aborto espontâneo, como uma criança que se perdeu de dentro do meu corpo, como uma saída que eu poderia ter tido, mas eu deixei que escapasse de mim. Eu sei, eu deveria ter contato a você, eu deveria ter confiado nas pessoas, mas elas nos machucam, sempre nos machucam, mesmo quando não querem. A dor é real, a dor pode ser sentida na pele, para além do físico, a dor é a morte, é a minha morte, a dor é o amor que eu nunca tive e que nunca terei, porque ele se foi para longe, num ralo do banheiro. Ele se foi levando-me junto, levando minha vontade de viver. Eu sinto muito por tudo, por cada segundo que falhei comigo mesma e eu sinto tanta dor por isso que venho aqui lhe dizer que a dor é a vida, eu convivo com ela como um fardo para toda a eternidade. Eu sou a mentira vivendo por mim, eu sou o pecado que deve ser carregado, a cruz, o fim. Não existe nada que eu possa fazer para tirar de mim o que aconteceu e não há nada que você possa fazer para mudar quem nos tornamos. Estou perdida no paraíso e isso é como o inferno. Mas, será que você pode me ouvir se eu gritar? Será que há alguém para me salvar? Alguém pode me deixar segura apenas mais um dia? Eu repito: A vida é morte.

Goodbye.

Analu Stinger
Enviado por Analu Stinger em 13/03/2019
Reeditado em 20/10/2019
Código do texto: T6596898
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