lago turvo

Imagine um lago, de água muito escura. Reconfortante. Água que a ti mostra o tudo e o nada; aqueles tais “extremos da vida” de que você tanto ouve falar. Mas, por que o vazio e a ausência de sentimentos é tão convidativa para alguém como você? As folhas secas à margem formam imagens de rostos a muito, esquecidos. Mas que ainda sim é difícil deixar pra traz.

Amar-te é como amar estas águas turvas, que não se agitam como antes, não se levantam diante do olhar dos vaidosos; estas que o sol não mais vê.

Imagine a folha, que se desprende de uma árvore que ladeia este lago sombrio. O vento se mostra em um semblante austero, as folhas, que ainda permanecem presas aos galhos, farfalham numa espécie de melodia. Contemplar isto é o mesmo que ver todos os seus sentimentos esquecidos; ver que tudo talvez poderia ser diferente com um simples gesto. Lágrimas que não voltarão para terra, que nunca sentirão o gosto da tua pele.

É inevitável perceber que tudo que um dia foi bom, agora não são mais que cinzas, lembranças dos momentos felizes, dos risos frenéticos incendiando o quarto de dormir. Exatamente quando tudo foi realmente bom, quando os sonhos que um dia foram realmente sonhos.

Os tempos mudam, mas este auspício desagradável continua presente. Mas ninguém disse que seria diferente! Conheça-te mais, lute pela felicidade que a ti foi reservada, seja para o outro o “eu” e faça do outro também um “eu”. Este paradoxo é um sentimento nobre, que poucos vivem, isto se chama: auto-conhecimento.

Chore, pois os tempos continuam obscurecidos, mas não deixe a tristeza lhe consumir. Não seja conformista ao ponto de se contentar com uma pseudo-felicidade, queira seus desejos na íntegra, “nunca se perde por ignorar futilidades”(já dizia vovó), as pessoas que lhe circundam sempre irão ter atitudes contrárias ao seu modo de pensar, não caía nos braços da tão apreciada pelos tolos: felicidade momentânea.

Aprender coisas novas, conhecer novas pessoas, aprender mais... Tudo isso são dádivas. mas por favor não se deixe enganar, não exponha seus ouvidos e olhos a qualquer um, procure estar longe das pessoas que saem cantando sobre baboseiras existencialistas e romantismo barato.

Tudo aquilo de que lhe falei se comprova. Abraçar-te é frio e quente, é como sentir o vento sobre a relva, é tudo o que tento esconder. Mas esconder os meus sentimentos, se tornou um pecado?

Sinta o vento deslizando sob seus cabelos, olhe com novos olhos para o crepúsculo, medite no seu interior. Pois só assim você compreenderá o quão importante você se tornou, para aqueles que se dizem seus companheiros.

Existe um sentimento não muito fácil de ignorar dentro de min, mas desta vez, eu se quer consigo lhe culpar. Tu que és tão forte, de espírito nobre, saiba que não venho lhe trazer conselhos , tão pouco augúrios; a verdade é que, de alguma forma eu me sinto bem em estar perto de você, pois mesmo quando o sofrimento estava mais aceso, quando a dor enchia o peito... Quando os olhos lacrimejavam... Você buscava forças para seguir em frente. Foi interessante e bonito, de certa forma, o jeito com o qual eu me surpreendi com relação a você.

É difícil percorrer este caminho sinuoso em busca dessa “ferida no tempo”. Mas tente seguir o som, o sussurro que chega aos ouvidos em forma de melodia, música de tempos passados; de quando a sombra dos pássaros eram as únicas a pairar sobre as montanhas.

Tudo está quieto agora. As luzes se apagaram novamente, mas o medo do escuro não é mais que uma desculpa para lembrar-me do teu rosto. A dor se configura tão intensa que a mente não consegue enxergar a maldade vertida nesta escuridão atraente. Tudo passa a ser conveniente.

Queria poder estar mais presente em tua vida, pois você se tornou alguém de muito valor, ao meu ver. Mas há fantasmas que nunca me deixarão em paz, lembranças que me impedem de estar mais próximo; uma vez que o tempo, nunca perdoou a minha insensatez.