Quando a Festa Acaba

Você se acostuma a ver as pessoas indo. E Elas sempre vão. Já não fazem esforço para ficar. Passam, trocam palavras e vão. Me pergunto pra onde, porque estão sempre apressadas. Olham nos olhos. Pedem qualquer coisa, e vão. Você se acostuma a acordar no dia seguinte e nada. Nenhuma mensagem. Nenhum adeus. Nada que sobre e que fique estalando na memória. Seria mais fácil se tivesse um fim. Mas as vezes não tem. As vezes, quem recria um possível fim é você. E o quão doloroso isso é, recriar um possível fim. Recriar, porque o fim não veio. Porque não foram capazes de entregá-lo a você. Porque a única sensação entregue foi a de abandono; a partida. A certeza do nunca mais.

Você se acostuma a ver as pessoas indo. E, um dia, quando alguém vem pra verdadeiramente ficar, você, acostumado a ver todos irem, só abre a porta e faz um audacioso convite: não quer ir embora também?

Você não acredita que esse alguém vá ficar. E ele até ficaria -- esse sim. Mas não ficou. Você o recebeu com prazo de validade. Com as portas já abertas. Com os olhos mirando a despedida. Você o recebeu com trauma, já dizendo que seria impossível dar certo. E foi isso que aconteceu. Mas ainda existe uma licao: quando o próximo vier, não levante a guarda. Não abra as portas e o convide para ir embora. Não se feche assim pro amor. Não se feche para a dor que pode pairar sobre a sua cabeça também. E o mais importante: não se defenda de sentir tudo ao mesmo tempo, ainda que depois não reste nada. Nem ninguém!

Leví Cavalcante Barreto
Enviado por Leví Cavalcante Barreto em 14/05/2019
Código do texto: T6646954
Classificação de conteúdo: seguro