Hoje

Hoje a menina debruçada na janela me chamou novamente, para ver quem passava na rua.

Ela sorria e tinha um olhar tímido carregado de sonhos, parecia ser um enfeite feito de esperança na janela de sua casa.

Hoje eu já debruçada na velhice, olhei a menina tão ingênua e perguntei para ela, qual de nós duas devemos perdão uma para a outra.

Ela me incentivou a sonhar um dia, era tão pura, que acreditava na vida que construiria, mas deixou uma paixão roubar seus sonhos e fez da vida um abrigo secreto.

Hoje ela parece não acreditar que envelheci e que desacreditei do amor, que fiz dos meus sonhos um castelo tão distante que ninguém ousa passar pelas ruas onde habito.

Hoje sou a rainha que não ergue os olhos para as ruas deste mundo.

Mas você minha doce menina, mora no mais valioso lugar do meu castelo, você ainda tem meu coração. Por você ainda canto, poetizo e resguardo a fé.

Enquanto Deus permitir as recordações boas, você vai merecer meu amor e aplausos por tudo que foi e deixou de ser para me garantir estar aqui hoje.

Esta carta é para a menina que fui.

Suely você é meu orgulho de viver.

Você fez bem em escolher ser somente a filha do Deus vivo.

Você só esta aqui porque Deus te deu incontáveis livramentos.

Eu te amo!