Abrace a árvore

Parece que você não sabe como é o balançar das árvores. Você gosta de se esconder nas sombras da noite. Não se lembra mais como é correr no campo aberto e deixar os ventos dilatarem as narinas. Tenho a impressão que te falta o ar bucólico e os raios de sol das onze horas. Talvez as árvores não tenham frutos que te apeteçam nem troncos largos para te acolher com conforto.Talvez a energia vital de sua seiva bruta não signifique mais que o tabaco que te corta a garganta.Talvez só a sombra te agrade, mas mesmo assim prefere o teu telhado. A umidade da terra recém molhada pára na sola do teu sapato e o horizonte infinito e trêmulo cessa nos tijolos da próxima parede. Não sei quem te fez assim, ou se é assim desde nascida: protege-se tanto do espetáculo da vida.

Não sei quanto tempo ainda temos; ao passo que ele é exato e constante, tem lá as suas surpresas. Mesmo assim peço que abra a janela e pense com carinho.

Dados técnicos, teorias, eles não são capazes de engrandecer a mente quando ela sente-se vazia.

Abra a janela e a mente, tome vento e sol, seja deles amiga.

Desconecte-se do óbvio e contemple a simplicidade de uma boa energia adquirida. Como o correr dos olhos sob as folhas no chão caídas.

O que eu posso te falar não é muito.

Mas tente. Descalce os pés, pise na terra, abrace uma árvore e, de vez em quando, lembre de mim.

Laís Mussarra
Enviado por Laís Mussarra em 29/09/2007
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