Memórias


Desde o inicio tinha uma memoria ativa, com o tempo algumas foi se apagando e outras permaneceram vivas.
Tem dias que caminho a luz de velas foscas, relembrando algo que não quero, e tem dias que acendo um desejo e peço uma estrela para me guiar as memorias eternas.
Tem dias que certas memórias aparecem como uma fogueira e vejo pessoas dançando ao derredor, não me aproximo desejo esquecer o que me fez infeliz.
Muitas vezes eu desejo esquecer, queria ter o poder de apagar certas lembranças que me fazem sentir humilhada, envergonhada e infeliz. Tento esquecer o mal, mas o bem não faria sentido se não estivesse acima do mal.
É um tanto constrangedor, na minha idade, cinquenta e cinco anos, ainda não ter certeza do propósito de Deus na minha vida. Ainda não vi proveito algum na minha vida, talvez eu esteja subestimando a vida, a minha própria vida.
Não sei se vou me reencontrar em alguma memória do passado, não sei bem a onde foi que fui sabotada. Mas não gostei do rumo que a vida me ofereceu.
Agora que começo a trilhar o caminho da velhice, vou percebendo que em alguns momentos eu estou só, como agora, eu e minhas lembranças. Mas vou rabiscando o chão que piso, deixando pistas para ser encontrada por alguém.
Eu descobri há pouco tempo que existem algumas memórias que se completam, alguns pontos distantes que formam desenhos e contam histórias. Talvez um dia eu junte tudo e escrevo um livro.
Hoje estou com saudade do futuro, se eu já pudesse ir, eu iria agora.