MISSIVA DE AMOR

Há tempos não te escrevo amor, você entende tudo o que temos passado, porém agora leia, e pelos breves minutos desta carta, esqueça de tudo.

Hoje me arrisco a falar de amor, coisa que usualmente não faço. Acho que não entendo essa linguagem enamorada, esses permeios de sensações, essas flores fora de estação. Todavia me sinto assim, enamorado e saudoso de tí, então, me arrisco. E o faço pela urgência de dizer que gostaria de estar-te beijando agora, um beijo tranquilo de não-despedida, de não-mais-saudade. Dizer-te palavras que não digo, palavras que a rotina me subtrai sem remédio. Confessar-te como és linda, como és mulher, e nessa condição, como me chamas a percorrer os mistérios insondáveis do teu corpo. Ah, como eu queria o fim das intempéries, e assim molhar nossa pele numa chuva fina, plena de paz e calor. Queria fazer cessar as tuas aflições, tomar-te nos braços, exaurir-te do meu amor que te procura mas nem sempre te acha. Dizer que a dor cessou de machucar, e que agora sou só teu, e tua também é minha vida , meus desejos são somente teus, e deles és musa absoluta, única. Tecer uma prece do nosso amor, tão frutífero, tão forte por ser luz, por ser chama que resiste, que se alimenta do vento que tenta sem sucesso apaga-la. Que pelo poder transformador e pela força motriz, um dia nos tornou três. Dizer que tanta dor me fortaleceu, deixou-me pronto para te amar sem mais enganos. Finalmente, queria tomar-te nos braços, entregue, minha, e dar-te uma noite inteira de paraíso, de céu. E quando a manhã nos acordasse, olharia nos teus olhos ainda sonolentos e diria que tudo não foi sonho, que começamos agora, que desfrutamos apenas o início daquilo que temos por direito divino. Posso dizer que hoje, além do tempo, te amo mais.

Daquele que sempre será teu.