Confissões de uma morta viva: Catedral de sonhos

Minhas recordações dos meus 23 anos, lembro que era uma idade em que eu já estava sentindo os anos passarem rápido, já não era mais a garotinha assustada de antes, ao menos não completamente. Uma mulher cresceu em volta da garotinha e deixou ela lá dentro trancada com medo.

Lembro-me como se fosse hoje, deste ano. Tudo que eu queria era conquistar, me satisfiz com uma conquista maravilhosa e lutei por ela. Mas naquele ano, a mulher que crescera em torno da garota, deixou que a garotinha tomasse conta, e ela estava mais assutada que nunca. Naquela vida estranha, na qual anos haviam se passado.

Passei a maior parte do tempo no quarto, a garotinha não conseguia sair. Ela queria muito conhecer sua vida, seus amigos e a mulher que havia se tornado, mas o medo de errar lhe paralisava, o medo de ter atrofiado seus sonhos, fazia com que se enclausurasse.

Quando me tornei a mulher que era aos 23 anos, soltei a garotinha para lembrar-me dos sonhos, mas eram tantos que ainda não havia realizado, tantos que havia esquecido.

Então, fiz um acordo com a garotinha, deixaria ela livre para sempre, com a condição de que sempre me lembrasse de nossa catedral de sonhos, aquela que há muitos anos construímos, mantínhamos sempre arejada e com sonhos novos, que por algum motivo depois de muito tempo fechei e perdi a chave.

A garota então me deu esta chave, ela estava guardando para este momento, a catedral de sonhos foi reinaugurada, abrimos um espaço lindo para as recordações, outro para os planos. Mas o que mais ocupava espaço, eram os sonhos.

Neste ano fui tão grata, que aqueles que o seguiram foram tão brilhantes e recheados de sonhos e atitudes, sem mais promessas vazias.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 31/12/2019
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