Chegar cedo e ceder

Chegaste cedo e sem alardes, não estou desperta, apenas deserta.

É muito cedo, amor,

fuja, há tanto para viver antes de nos entregarmos,

estamos em plena aurora.

O eterno dura pouco, um segundo, um presságio, um passo, um desespero,

mas a eternidade é puramente o que você faz disso tudo o ser que és,

vá gozar de sua liberdade, vá viver sem deixar que te roube o coração, entregue-o a mim e lhes dê somente a carne, se assim preferir.

Vá, somos apenas vento, mas a juventude faz de tudo ventania,

em uma utopia que arde e queima, sorrateiramente apaga e aos poucos nos deixa as cinzas dos anos que se confundem entre vividos, vívidos ou sonhados,

é uma doença incurável e misteriosa, inconcebível para aqueles que nunca sofreram com as desordens que nos fazem crer na elegância do futuro e na sede do agora.

Cuidado com as armadilhas que o destino prega, amado meu.

Deixe o mundo te fragilizar para que só o tempo te endureça.

Amor, meu grande amor, depois que tiveres atravessado todas as veredas e conhecido os mais escuros caminhos, deságue em mim, busque seu remendo naquela que poderia ter te poupado tantas angústias,

quando pensares que já viveu tudo o que é reservado a um homem e que já viu todas as paisagens, paraísos e infernos, me procures, sabes onde me encontrar, já até esbarraste em mim um dia, em um dia cedo demais, por sinal.

Permita-me ser seu único amor, para isso, terei de ser a última e não posso ser a primeira, a vida é um sorriso arrebatador, uma surpresa em cada trôpega face, uma paixão quente em cada esquina e um amor fresco em cada olhar.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 25/02/2020
Reeditado em 31/10/2021
Código do texto: T6873913
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