Uma trajetória que chegou ao fim.

Como tudo na vida tem um início uma hora chega ao fim, e apesar de já ter passado por tantos “fins”, ainda não aprendi a lição do recomeço. Porque a saudade dói, ela é angustiante é algo que se torna tão profundo que é quase impossível ignorá-la.

Então sem delongas quero colocar ela para fora e não tem uma forma melhor do que escrever os meus dias, horas e anos...naquela família que embora não carreguemos o mesmo sangue, o nosso parentesco é mais forte do que se assim fosse.

Posso lembrar do primeiro dia que entrei naquela sala, era uma tarde no ano de 2012, uma entrada tímida, receosa, sem saber direito como seria a minha estadia ali. Lembro-me que não foi uma recepção calorosa. E aos poucos fui cativando e sendo cativada por aquelas pessoas. Nunca poderia imaginar que eles seriam tão importantes na minha vida. E o tempo foi passado e o que antes era receio e medo, foi aos poucos se transformando em amizades verdadeiras, uma irmandade uma família. Posso dividir em dois tempos: A primeira composta por mulheres mais maduras e não me refiro apenas a questão da idade, mas de conhecimento e sabedoria. Nossa! Como aprendi com elas! Quantos sorrisos, quantas lagrimas, quantas dores suportamos juntas! Quantos abraços e beijos que acalentava nossa alma nos momentos difíceis, e tinha as confusões, porque família é isso, uma emaranhados de emoções. Porém, no final a paz sempre vencia o perdão e a compreensão prevalecia. E a cada ano que se passava, essa família crescia novos membros iam chegando e com elas novas experiências. Era tão prazeroso aquele ambiente que trabalhar não era um fardo para nenhuma de nós. Porque era bom está lá. Era bom tê-las por perto, era bom ver o sorriso de cada uma, e mesmo quando os dias estavam nublados, o céu não estava azul para alguma de nós...ali encontrávamos motivos para sorrir. E como disse no início, tudo chega ao fim. E aos poucos cada uma delas tiveram que partir. Aquele trem que por quatro anos seguimos juntas no mesmo vagão, desceram, exceto, eu. Que ironia. Vê-las descer na estação, cada qual com sua mala, seguindo novos horizontes. Não contive as lagrimas, mas eu tinha que continuar, ainda não era a minha vez. Por um momento, o trem parou eu desci, e abruptamente fui colocada naquele mesmo trem e a viagem prosseguiu. Quem serão os próximos a subirem? E não demorou muito para eles aparecerem. Uma segunda família, mas jovem, algumas poucas experiências na bagagem, mas cheios de garras e vontade. E fomos nos conhecendo, criando vínculos mais forte e a confiança foi crescendo e começamos novo ciclo.

Tudo era diferente, não tenho como comparar, e nem gosto. Comparações normalmente deixa alguém triste. E tudo é único, perfeito! Novas amizades, novos sorrisos, novas batalhas, e períodos muito mais difíceis. Penso que a vida é como jogo, vamos mudando de fase com tempo, aprimorando as nossas ferramentas e como jogo nem sempre somos vencedores algumas vezes perdemos a batalha, até conseguir avançar.

E pode constatar que a força e sabedoria independe de idade, mas de experiencias ao longo da vida. Nossa! Como foi difícil, quantas lágrimas derramadas, exaustos, inquietos, temerosos. Não reconhecia mais aquele lugar, era como se eu tivesse em um ambiente totalmente desconhecido, mesmo tendo passado alguns naquele ali. A energia era diferente, o sol custava a brilhar. Apesar de tudo, tínhamos ainda uma força que nos conduzia para a luz. Era a força da amizade, porque assim como a primeira família, a segunda também existia a Amor entre nós. E foi ele que nos ajudou a suportar muitas coisas. Cada um de nós que se sentia fragilizado era confortado por esse sentimento.

E finalmente a minha estação chegou! Eu desci do trem, com as minhas malas carregadas de bons sentimentos: Compreensão, paciência, humildade, otimismo, força e amor. Esses sentimentos foram passados por cada um deles que me ensinaram aos poucos o que é verdadeiramente amizade. As lágrimas rolam quando lembro de alguns momentos que não mais existirão ao longo dos meus dias, como aquele cafezinho de todas as manhãs que meu amigo trazia para mim, os abraços que era compartilhado todos os dias. Pipoca a gata que resgatamos, cuidamos e que tornou a nossa mascote, e nos agradecia todos os dias com seu carinho. Por fim, lembro de cada um de forma única, cada qual com suas peculiaridades. Agora estou na estação a espera de um trem que me levará a conhecer outros lugares e outras pessoas. Mas, carregarei para sempre em meu coração cada um que por nove anos fez parte da minha trajetória. O amor é o elo mais forte entre todos que realmente cultiva uma verdadeira amizade.