Carta a uma jovem historiadora

Considerações sobre a História.

A História, como o amor e a música, tem a virtude de fazer os homens felizes.

Existe uma coisa que nos separa das outras espécies de animais. Esta coisa está na contemplação do mundo. Em uma busca de prazer que as percepções de cada sentido nos oferecem. Isto alimenta a nossa alma.

Os gregos já sabiam disso e sabiam como é importante alimentar o corpo e a alma.

Um corpo vazio de alimento traz fraquezas, que podem levar à morte.

Uma alma vazia de alimentos, traz tristezas, que podem levar à morte.

Alguns gregos tristes iam a um templo e buscavam alimentar a alma com a alegria trazida pelas Musas. Para chamar as Musas, eles produziam sons bastante agradáveis dentro do templo até elas aparecerem.

Estes sons dedicados às musas se chamavam música. O templo das musas se chamava museu.

Contemplar as coisas nos separa dos animais, alimenta nossa alma e nos aproxima dos Deuses.

Quando observar uma paisagem, um quadro, fazer movimentos ritmados no espaço, comer por prazer e não somente para matar a fome , fazer sexo sem a intenção de reprodução, se divertir vendo pessoas correndo atrás de uma bola ou mexendo pedaços de madeira num tabuleiro nos dão prazer, nos tornamos mais humanos .

O estudo da História contém esta centelha de humanidade. Nenhuma outra espécie contempla os feitos dos seus antepassados. Viajar na História não é perda de tempo. É uma maneira de alegrar o espírito, como é cantar, dançar, ou preparar algo para agradar ao outro.

Nosso ofício é tão importante quanto a medicina – A diferença é que no final, eles sempre perdem pra morte; nós não._

A única coisa que a morte não consegue tirar do homem é a sua História.

Nós aprendemos resgatar os mortos, e temos a responsabilidade de garantir uma justiça eterna sobre eles que nem o Direito consegue manter. Nós somos a última instância da absolvição, ou da condenação humanas.

Para isso, nossa ferramenta principal é o tempo. O mesmo e implacável tempo que perpetua as tradições e que traz as revoluções.

Falando em tradição, o nome Alice nos remete a alguém que vem de uma linhagem nobre.

Não há linhagem mais nobre que descender diretamente de Zeus, como a nossa musa, Clio.

Clio é irmã das musas da poesia, da dança, do teatro e da música.

Falando em revolução, este mundo precisa mudar.

Mário Quintana dizia que “ Os livros não mudam o mundo; as pessoas mudam o mundo; os livros só mudam as pessoas”.

Os livros são nossos escudos. Arme-se com eles. Assim você vai se tornar a historiadora que deve ser, ou seja, a historiadora que você quiser ser!

Com carinho encerramos este ciclo para que você inicie um outro na sua vida.