Carta para uma jovem Bacharela
Liberdade, Direito e Justiça
As vezes somos capturados por uma aflição em querer algo para nossas vidas que não sabemos o que é, mas temos certeza que nos falta.
A impressão é de que quando este desconhecido aparecer diante de nós, o identificaremos e isto deverá ser algo libertador.
Há pessoas que encontram isto e se completam no amor, no trabalho, na possibilidade de viajar pelo mundo ou em outras infinidades de situações.
Talvez sejam pessoas de sorte.
Talvez não.
Há pessoas que nunca encontram o que procuram e ficam presas a uma busca eterna.
Há pessoas que nunca encontram o que procuram e fazem das descobertas que a busca traz, formas de se complementarem de uma maneira alternativa.
Há pessoas que encontram o que procuram e se decepcionam, que encontram e se completam ou que encontram e ficam perdidas sem saber o que fazer.
A busca pela liberdade move, instiga e abastece os espíritos aventureiros e curiosos na mesma intensidade em que ela faz ponderar os espíritos mais contidos.
Quando somos movidos pela busca, nos arriscamos a correr num caminho infinito onde o perigo é acreditar que a felicidade é algo que só pode ser encontrado futuro.
É possível se perder na liberdade? Pode ser ela em alguma instância, dose ou medida algo ruim ou perigoso?
A resposta talvez dependa do ponto de vista de quem analisa, da intenção de quem a explora, e dos efeitos causados sobre quem ela incide.
Do libertar-se ao perder-se não é uma questão de oportunidade; é uma questão de maturidade! (Ou ausência dela).
Perder-se pode trazer tanto o novo, quanto por outro lado também pode trazer a aflição e o desespero.
O Direito lhe trará uma noção analítica que te permitirá vigiar quaisquer abusos no perder-se.
O seu perder-se , o nosso e o do mundo.
Esta vigia constante tem, por conseguinte, a Justiça.
Promover a justiça tem a ver com incentivar as liberdades a tal ponto que elas tragam o novo, e ao mesmo tempo vigiar as liberdades a tal ponto que se impeçam os abusos.
Vivemos no País dos abusos.
A universidade pública ainda é sustentada por uma grande parte da população miserável deste país.
Não há liberdade para trazer o novo onde há miséria.
Quando pensamos Fazer Justiça no promover a liberdade, temos como resultado a igualdade.
Quando pensamos Fazer Justiça no perder-se na liberdade, temos a punição.
São coisas muito próximas e muito críticas das quais depende todo o equilíbrio social.
A sua maturidade, e a formação na jurisprudência deverão lhe trazer a ferramenta primaz do direito: O juízo.
Você neste ano inaugura uma nova etapa em sua vida, morando longe da família e dos amigos para levar à frente a missão de fazer justiça.
Neste tempo que estiver fora,
Tenha Juízo
Jacaraípe, 2020