Os Fios de Arame Farpado do Paulo  
-  Cartas ao Tempo
 
Neste dia que se dedica aos pais – segundo domingo de agosto – muitos, senão todos,  estão homenageando os seus progenitores. E ao pensar em meu sou levado a falar de seu pai, meu avô. Procuro o panfleto que recebi e que fora escrito por uma prima de 3º grau quando ele, meu avô, foi homenageado na cidade de Desterro do Melo. Ela, Ingrid Antunes, registra assim: “...na década de 30 mudou-se para a acolhedora cidade... aventurou-se por ser o pioneiro no lançamento do comércio de laticínio local, fundando a primeira companhia que direcionava a exploração da mão-de-obra da região, objetivando atingir o crescimento sócio-econômico desta cidade. Foi através da companhia de laticínio Alberto Buck, com matriz em Santos Dumont... E criou também a primeira hidrelétrica, “Chiquinho Ladeira”, na década dos anos 40.” (sic)
 
E ele, Sebastião Lisboa, o avô, era natural de Eubank da Câmara, filho de Manuel Lisboa e Maria Constância Lisboa. Parece que administrava não somente a filial de Desterro do Melo, mas em outras localidades também contando com a ajuda dos filhos e outros homens da família.
 
Meu pai, o filho mais velho, Paulo Lisbôa, frequentou a Escola Pública Bias Fortes, em Barbacena,  onde aprendeu fundamentos do ensino. Mas só isto não bastava para a instalação da Hidrelétrica “Chiquinho Ladeira”. Era necessário aprender Física. Na região não havia escola técnica e por isto ele teve que fazer curso por correspondência. Era ávido por leitura e aprendeu rápido. Lembro-me de seu livro de física que às vezes eu consultava no ensino Científico, atual médio, e nada entendia.
 
E lá no Melo ele construiu a hidrelétrica para beneficiar a cidade e a fábrica de laticínio. Na casa sede da fábrica, onde morava, ele tinha seu quarto de leitura e biblioteca... Havia também a casa do tanque, que eu sempre ouvira falar quando eu era criança. Parece que esta casa hoje é onde funciona a Escola Estadual.
 
Quando mudaram para Barbacena, foi em 1954, em agosto, mês em  que Getúlio Vargas suicidara, minha mãe contava isto. E sempre minha irmã mais velha, na época com 9 anos,  frisa bem esta realidade histórica. Meu pai dava assistência na “Hidrelétrica de Ilhéus”, que abastecia a cidade de Barbacena enquanto conhecedor destes assuntos com a prática que adquirira com a instalação daquela do Desterro do Melo, a “Chiquinho Ladeira”.
 
A vida passou e meu pai se aposentou como motorista de caminhão. Havia feito algum dinheiro quando fazia transporte para todo o Brasil. Quando chegava bebia com os amigos pagando rodadas de cerveja e tira-gostos. Aposentado era chamado para instalar ordenhadeiras elétricas em currais da região. E as redes elétricas nas casas dos filhos era ele, meu pai, que também vazia. 
 
Ele, Paulo Lisbôa, era silencioso e cheio de saberes. Era concentrado em si. E nas crises de mal humor resmungava soliloquiando sua rudeza que agora posso compreender: “Meus fios são uns arames farpados”.
 
Seu queijo predileto era o “Queijo do Reino” em cumbuca  vermelha folheada.
 
Para elucidar sugerimos estas leituras virtuais:
 
A - O PRIMEIRO LATICÍNIO DA AMÉRICA DO SUL:
https://stravaganzastravaganza.blogspot.com/2011/05/o-primeiro-laticinio-da-america-do-sul.html
B – Queijo do Reino:
 http://www.turismo.santosdumont.mg.gov.br/queijo-do-reino
 
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 10/08/2020.
 
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Lei do Direito Autoral nº 9.610,
de 19 de Fevereiro de 1998.
 
 
 
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 11/08/2020
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