Por trás de tudo que sou
Quem sou eu?
Se eu me despisse de tudo que foi adquirido até o ponto zero, o que sobraria?
Quem sou eu antes das memórias construídas?
Por trás do reconhecimento conquistado ou pretendido?
Dos fluidos emocionais ressentidos pela critica e pelo elogio.
Por tras dos medos, da ira, da vaidade, da mesquinhez
Por tras do meus gostos, desejos, minha preferencias, minhas certezas absolutas, crenças e opiniões da semana.
Por traz desse temperamento que ja se mostrava na infancia,
Por traz do julgamento, preconceito, das sensaçoes, percepções, vergonhas minhas e alheias.
do comportamento, habito e reaçoes recorrentes.
Por tras dos instintos, necessidades, da preguiça, do estomago em refluxo pelos excessos.
Por tras das sombras, da persona, do bom humor e do humor, da impressoes e afecçoes dos sentidos temperados pelos hormonios corporais.
Por tras de todas as habilitades aprendidas, esquecidas, fantasiadas.
Por tras da historia vivida ou fantasiada.
Das conquistas conquistadas, esquecidas ou sonhadas.
Por tras de todos os pensamentos e emoçoes. Por tras dos titulos, dos nomes e CPF. Por tras de toda cultura, ideologias, crenças e descrenças. Duvidas e certezas.
Por tras de toda persona, de todo egocentrismo, de todas as paixões e comoções, dessa maneira de ser.
Por tras até das virtudes.
Se eu tirasse tudo isso, sobraria algo?
Por tras de tudo que veio a ser, existe a testemunha que sempre foi. Imortal, fora do tempo e do espaço sobre o qual tudo ocorre.
Aquele que verdadeiramente sou, junto com o Uno, embora puro e bom, também sem nenhuma qualidade.
Sou a paz, onde todo o resto caminha.
Uma particula de Deus, onde cabe o Deus inteiro.
Nele, identificado com ele, sou a paz na confusão, o eixo fixo sobre o qual a roda gira. E com nada mais me identifico. E nao preciso mais mudar, pois estou alem de tudo que se tornou, ou de qualquer mudança. Sem identidade sou a propria identidade. o Unico autentico possivel. o verdadeiro Eu, o verdadeiro Ego. um Ego que pode ser Egocentrico pois é um Eu que cabe todos os outros Eus irmãos, e também todos os demais seres. O próprio Uno, antes de qualquer separação. A unidade antes de qualquer pluralidade. o Real antes de qualquer ilusão.
agora sim, sobre a ilusão, mas ancorado no Real. Nada mais me atinge, mas o amor tinge tudo que toco e sou. E continuo mortal e afeito a gostos e sensações, mas com elas não me identifico. Antes de tudo, por tras de tudo, sou. De resto, estou. E se as vezes me confundo, essa é a experiencia do mundo. Sou o Ser sobre o qual tudo ocorre.
Estaria disposto a abrir mão de todo esse existir para Ser?
Abrir mão da bagagem existencial para me assemelhar ao zero?
Contemple minha imortalidade. Firme sua convicção nela. Depois abandone tambem a contemplação, também a convicção e se junte comigo. Porque nunca estivemos separados. Somos todos um.