Amores impossiveis.

De verdade, assim cara a cara, olho no olho, lábios no lábios, e todos os possíveis lugares desta sua geografia.Ao cruzar quase sem rumo o outono da existência me deparo com você, que não é uma, são tantas, um pouco de cada tantas, todas você que é tudo e é tantas.Aonde te ver senão nestas serras , certamente meus sonhos, delirantes poderão curtir junto ao frio de sua terra, e fazer dele e dos seus quem sabe os nossos.E ai quem sabe te sentar em minha frente, depositar em seu rosto um beijo carinhoso, ajeitar seus cabelos, te contar do dia, do tempo, da vida, e neste beijo junte todo o carinho acumulado nestes dias e te faça depositária face do meu desejo, carinhoso e sereno.Estranho, o outono da vida, época de transformações indesejadas e outras queridas, que vemos melhor a vida, enquanto sombreamos com nossos vultos a morte, "fim de quem vive , quem sabe a solidão fim de quem ama, eu possa lhe dizer do amor que tive, que não seja eterno posto que é chama, mas infinito enquanto dure", e como Vinicius pela autoridade do “poetinha” pedir ao outono um dia emprestado a este verão inclemente para ver ai , com folhas caídas e pisadas sob nossos pés, e o Parque desta sua terra nos brinde com a cupidez da lua.E me faça poeta por um dia, uma hora, para te cantar em versos inconclusos a solidão das manhãs, e das noites que passo em minha Sampa, a te imaginar singrando os prédios, vielas e ruas, terraços, vidraças molhadas da mais paulista das garoas, e saber que você existe, independente de eu ter ou não ter, você existe em mim.

E descaso feito pelo Sr. dos Tempos que toma o meu e empresta-o aos negócios quando quero sonhar contigo e contigo varar minhas noites vazias, com esta agonia e razão de ser, "nestes mesmos lugares de noite nos bares, onde anda você", que me acompanha e não esta comigo.Te dizer que mesmo contrariando a vontade do Sr. dos tempos prorroguei nosso papo sonhado de hoje, só aumenta a ansiedade de não ter meu pressentido carinho emaranhado em seus cabelos, que ainda hei de arrumar com meu modo Wando de ser, sem nunca ter sido.

Me avise dona dos sonhos de outono, estação das mudanças, que quem sabe mudemos junto, se amanhã poderemos rir virtualmente desta angustia que me cala a boca e amarga o peito.Que este me carinho encontre o seu sorriso, que não esqueça de nós e menos ainda de você se cuida para nós, que meu achego aconchegante seja pelo menos um momento de conforto, paz e amor nesta vida .Um Drummond de segunda para que não me esqueça na terça e na quarta possamos programar a outra segunda, se é que ainda pensa nesta segunda, espero que sim.

Carlos Said

Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,

por mais que o matem (e matam)

a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

“” Todos os textos assinalados entre aspas são de autores conhecidos.Não do autor.

Um dia em Sampa

Por traz dos meus olhos..

Carlos Said
Enviado por Carlos Said em 22/10/2007
Reeditado em 27/04/2017
Código do texto: T704723
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