A construção de uma história

Amor, hoje eu gostaria de comemorar o início de uma história que começamos construir juntos. E essa construção deveria ser registrada assim como toda história deveria ser. Eu sei que não dá para registrar tudo. É impossível. Nossos sentimentos, por exemplo, são impossíveis de serem descritos ou narrados. É algo que procuramos entender. Vamos escrever para fortalecer nossa memória quanto ao passado e apresentar para nossos filhos. Escrever cada detalhe para que nossos filhos possam imaginar como foi o presente do passado. Seguramente eles vão imaginar que no presente do passado aconteceu somente a nossa história. Saberemos que não será assim porque haverá vários outros acontecimentos que não serão contados por nós, justamente porque cada um conta a sua história.

A nossa história começou quando plantamos uma semente. Aliás, não temos certeza disso porque a semente já existia. Essa construção de história trata-se da forma que vamos nos comportar diante da existência dessa incrível planta. Começamos perceber esse indescritível sentimento no momento em que a inserimos no solo. Hoje, a luz do sol constrangeu suas pequenas folhas. Sim! Ela já nasceu. É a partir desse nascimento que podemos fazer o registro de todos os momentos; bons e difíceis. Cuidar dela é cuidar dos nossos sentimentos. Ela nos representa. Vamos regá-la, mas também podá-la em momentos necessários. Sabemos que terá momentos de decisões em que a dúvida estará presente. A dúvida será presente nas escolhas, por exemplo. Essa escolha pode estar na forma que utilizaremos para registrar a nossa história, já que a memória não é suficiente. Ela pode ser falha em momentos imprescindíveis. Registrar tudo o que for possível, será necessário para reforçar a nossa memória. Temos a caneta, o lápis e o teclado. Isso partindo do princípio de registrar no papel, porque também podemos usar de forma oral. Todos são perigosos. Precisamos aprender o momento certo de usá-los. A caneta desliza com muita facilidade no papel; não tem freio; não nos permite correções. Até podemos usar o corretivo para apagar, mas ficará a mancha no papel. O lápis, ao contrário da caneta permite-nos que apaguemos ao escrever. Isso pode ser bom desde que seja de nossa vontade. Podemos ter um grande problema se existir terceiros com a intenção de fazer uso da borracha para apagar a história escrita. Com o teclado de uma máquina eletrônica podemos apagar o quanto quisermos. Essa liberdade pode causar problemas. Ela pode causar incerteza do que vai ser escrito e consequentemente poderemos deixar de registrar e viver os momentos mais incríveis. A oralidade também é um recurso que pode ser usada. Ela frágil na medida em que pode ser dispersa pela natureza. Ela precisa ser transmitida de uma memória para outra. A forma como essa transmissão será feita é de se especular. Não pode deixar que o som seja simplesmente uma coisa natural. Ele precisa fazer sentido, ser registrado e transmitido. Pode ser que ele vá para o papel ou fique memória. Se for para o papel teremos as mesmas questões colocadas anteriormente. Se ficar na nossa memória, a história poderá deixar de existir na medida em que a esqueceremos.

Sabemos que não será fácil construir e escrever a nossa história. Diante disso, o diálogo será nosso aliado a todo o momento para então sabermos a melhor forma de fazer acontecer sem perder nenhum momento, seja vivido, seja registrado.

O meu amor por você é tão grande quanto à responsabilidade que temos com a nossa história. EU TE AMO

Rafa Queiroz
Enviado por Rafa Queiroz em 26/09/2020
Código do texto: T7072902
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