Carta a mim

Hoje me pego tão sufocada e perdida em mim, nada mais parece ter sentido, a cor do mundo vem se perdendo dia após dia. Já não sinto desejo de continuar, nem por um instante que seja.

Todos os dias ao acordar me perco em desvaneio e busco motivos torpes para continuar nesse caminho, nesse rumo tão sem rumo. Levanto-me e passo o dia anestesiada perdida em momentos tão rotineiro e fúteis que não consigo definir quantas e quantas horas foram perdidas atrás de coisas sem lógica.

Olho para as pessoas e busco compreender seus sentidos, mas quem busca compreender os meus, será que alguém imagina o tormento que eu vivo, a busca incessante por um significado, um motivo para me agarra nem que seja por um breve instante. Sempre sorrindo estou, belas mascaras, calando o meu choro, meus sentimentos e minhas dores, por poucos minutos quando me mostro, as pessoas não gostam do que veêm, preferem o palhaça e a prestativa, esses sim são úteis na sociedade.

E que sociedade é essa que vivo? É tanta dor, tanta maldade que me falta o ar, me falta palavras para definir a dor e o tormento que vejo. Vejo meus olhos para não ver, mas o som fica atormentando o meu ser, meu coração se despedaça junto com tudo que há.

Perdida em lágrimas, me reencontro depois de tantos anos com as palavras que eu lancei a longe com medo de ver tudo que eu luto para não ver, me afoguei no silêncio e na dor da ausência. Me distanciei de tudo que poderia me aproximar, pois só assim sinto que posso continuar. Como sorrir num mundo tão completo de dor, sofrimento e morte? Como encontrar sentindo em qualquer coisa, quando eu sinto que nada há. Há apenas os desencontros das pessoas, andando alheia a tudo e todos. Se distanciando cada vez mais e mais e si.

Depois de muito tempo, me permito chorar por tudo que sinto, me permito sentir esse buraco que atravessa o meu ser, e deixa-me completamente perdida em mim.

Palavras apenas palavras, para definir um turbilhão de sentimentos e ausências, para definir o que nem ao menos sei definir, mas me reencontrar com ela me reconta, talvez eu ainda tenha salvação, talvez seja a mão estendia que eu tanto clamo.

Bruxa do Silêncio
Enviado por Bruxa do Silêncio em 02/12/2020
Código do texto: T7126250
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