Carta para uma Nobre Senhora - Primeira epístola

Saudações Nobre Senhora: A vida

É com um estranho nó entalado na garganta que venho ter convosco por alguns instantes que considero necessários para um breve desabafo.

Primeiro eu quero dizer que venci. Não sei precisar o momento em que foi feito mas, o fato é que eu sempre vivi como se enfrentasse um grande desafio proposto pela Vossa pessoa.

E quero dizer que eu venci o primeiro round.

O seu desafio me pôs em alerta para criar estratégias de superação em algumas áreas da minha existência mas, em outras me deixaram tão exposta e tão à mercê das ilusões e tristezas que eu não sei fazer mais nada que não seja apenas lamentar...

Gostaria de saber que alquimia é essa que se processa em sua origem que não me permite alterar seu resultado.

Quero saber por que, mesmo sabendo de tudo que sei hoje e sentido tudo o que sinto agora, sou tão leiga e tão sem atitude ( ignorante e covarde até) diante das suas imposições contínuas.

Às vezes penso que sou forte, corajosa, inteligente e assertiva. Mas aí eu olho no espelho e penso: Quem é você criatura? O quê você quer? O quê te falta? O quê te aflinge?

Mas, o espelho imbecil só reflete a minha imbecilidade e nada mais.

É que o meu espelho não é mágico. Logo eu não sou nem a Rainha má nem a Branca de Neve. Não encontrei os 7 anões e tampouco existe um caçador me procurando para me proteger.

E para resumir: você é real e não conto de fadas e bruxas.

Sendo, pois, real o que eu posso fazer para ao menos entendê-la?

Vida!! Ô vida dos meus pecados! Terei mesmo cometido tantos pecados assim para viver em constante penitência?

Vossa pessoa bem que poderia escolher ao menos uma das minhas preces poéticas em troca de me dar uma trégua. Não poderia? Fiz tantas!

Fui dos clássicos aos periféricos deuses. Fui da religião elitista ao ostracismo religioso e resgatei memórias de religiosidade que muita gente sequer sabe que existe. No entanto, cá estou eu do mesmo jeito. Cansada, triste e sem perspectiva. Numa verdadeira crise existencial da meia-idade...

Já quis ser loba... Lua... Flor noturna... deusa Yorubá...

Mas, o fato é que essa vida taciturna é a minha receita decorada. Dessas que mesmo de costas, ponta cabeça e olhos fechados, a gente sabe fazer, porque ela sou eu. Sou apenas eu fazendo aquilo que nasci para fazer até o fim de meu dias: sobrevivendo a tudo...

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 04/03/2021
Reeditado em 07/03/2021
Código do texto: T7198613
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.