Carta aberta ao cidadão brasileiro

Prezados compatriotas

Quem nos diria que, logo no início da terceira década do segundo milênio, em plena era tecnológica, estaríamos passando por uma situação semelhante a esta? Fosse filme, com certeza seria classificado como “Ficção científica”. Quando essa “guerra” começou, como seres humanos imperfeitos que somos, ficamos todos procurando um bode expiatório, alguém em que pudesse ser colocada a culpa. Com o passar do tempo, no entanto, descobriu-se de que nada adiantaria encontrar suspeitos, ou culpados. O vírus era real e viera para ficar. Isso era um fato. Culpados ou não, estávamos todos no mesmo barco, carentes dos mesmos cuidados. E todos – TODOS – foram alertados do perigo iminente e de tudo que era esperado de cada um para garantir a própria sobrevivência e o bem-estar do país. Um ano se passou e, olhando para traz, percebe-se que pouco progredimos.

Após as primeiras constatações, começou a corrida para entender o vírus, por um antídoto, um coquetel milagroso, a descoberta de uma vacina eficaz. Paralelo a isso, fomos aprendendo normas indispensáveis para evitar a disseminação desse vírus. Medidas extremas de higiene pessoal, desinfecção do espaço físico, distanciamento e isolamento social foram exigidas em todos os ambientes. O uso de álcool em gel passou a ser passaporte para a entrada em todos os ambientes, desde à padaria da esquina, igrejas, repartições públicas até a residência de todos os cidadãos de bem.

Muitos “cidadãos de bem”, entretanto, parecem não se importar com o que está acontecendo. O governo faz a sua parte morosamente. A vacina foi descoberta. Já está sendo ministrada, mas parece-me que está sendo fabricada e transportada passo a passo. Sabemos que é preciso cautela e fraternidade. Ao contrário, estamos percebendo jogo de culpados, cada um querendo colocar a culpa no outro, e falta de compromisso com as próprias responsabilidades.

O Brasil, assim como o restante do planeta, pede socorro. A equipe médica pede socorro. As pessoas indefesas pedem socorro. E a pandemia se alastra de forma alarmante. A cada dia aumenta o número daqueles que pagam o preço da negligência de outrem: uma, cem, mil, duas mil mortes em um só dia. É surreal. Inimaginável. Estarrecedor.

O que falta para percebermos a real situação em que vivemos? O que falta para os brasileiros, ou a humanidade como um todo, entenderem que a vida está em nossas mãos? Não só a nossa, mas a de todos com os quais convivemos. Precisamos nos responsabilizar pela vida de nossos pais, de nossos filhos, das pessoas vulneráveis, dos médicos, dos nossos vizinhos. Precisamos valorizar nossa própria vida, dom de Deus. Eu preciso me responsabilizar pelo outro. Você também precisa. Ninguém vencerá essa guerra sozinho, mas sozinho eu posso evitar que muitos pereçam.

O que estamos esperando para agir? Esperando que nosso país entre na “onda preta” e que haja muito pouco a ser feito? Não permitamos que outros sejam contaminados e percam a vida por um ato mal pensado, por um descuido nosso ou por achar que a vida é curta e precisamos aproveitar todas as oportunidades de diversão. Cuidado! Nesse caminho, a vida pode ser menor do que você espera.

Juntos podemos nos confortar e amenizar a pandemia, evitando assim que tantos concidadãos percam a esperança e a vida.

Atenciosamente,

Luisa Garbazza

Bom Despacho, 15 de março de 2021

https://luisagarbazza.blogspot.com/2021/03/carta-aberta-ao-cidadao-brasileiro.html