Carta para minha Mãe

Mainha hoje você tem oitenta anos, mês que vem dia dezesseis irá completar oitenta e um, deixei uma vida em Fortaleza em 2013, pois além de o ciclo se fechou naquela cidade, fui avisada espiritualmente que deveria voltar para Salvador.

Voltei e percebi o quanto você precisava de mim bem como alguns membros da família se afastaram mais ainda.

Resolvi estudar Direito para ocupar meu tempo vago e melhorar mais ainda meu cognitivo e me ajudar na causa do meu filho que foi traficado e dado como morto logo atrás o nascimento.

Ocorreu em 2014 a doença do meu irmão a qual levou a ser um paciente renal crônico, e fugiste pra roça com a desculpa que ia fazer algo espiritualmente junto aos Orixás, houve gente na família que não me acreditou quando eu comentei, mas era a falta de coragem para poder seu filho mais velho querido sofrendo!

O tempo foi passando e você foi ficando mais limitada e sinto também que foi perdendo aos poucos o brilho dos olhos e a vontade de viver embora negue de pés juntos.

Quando voltava da faculdade a noite como tinha vontade e saudade daquela sopa que fazia, principalmente nas noites frias depois de pegar muita chuva resumindo tinha que me contentar com pipoca.

Após a pandemia a coisa só fez piorar, se já não nos visitavam piorou, mal alguns membros que tu dá muita importância te procuraram quanto o pessoal do candomblé não tenho o que falar sempre te ligavam.

Tem algumas primas que não tenho o que dizer também, não citarei os nomes, até aquela por parte do seu pai, está sendo importante para te devolver a esperança na vida.

Minhas sobrinhas, filhas e cunhada não tenho que dizer, contudo neste dois anos e meio tenho notado uma diferença muito grande de comportamento daquele que é seu irmão duas vezes tanto no candomblé como na vida e por ironia do destino filho de leite também.

Desprezo críticas e abandono ele foi o mais que se utilizou do seus "poderes" pois nós filhos eu, meu falecido irmão e minha irmã nunca precisamos e utilizamos tanto desses tal poderes como ele.

Outra também que com a desculpa de não gostar de família, por todos esses percalços se afastou e fazem exatamente oito anos, que não vem aqui na sua casa te visitar, só quer a sua presença na casa dela e você como MÃE faz o que ela quer.

Estamos passando uma situação não muito confortável pelas suas limitações e financeiramente pois não estou trabalhando e esse poço de egoísmo que se diz irmã não ajuda em nada como dissemos aqui na Bahia, não tem um pinto para dar o que comer, passa semanas sem ligar daí você que inventa desculpa para ligar pra ela.

Na semana passada por conta da morte do seu irmão, esse que foi um dos único que não nos perturbou na sua trajetória de vida, ela queixou-se fazendo-se de doente para ser visitada, que vive só, que ninguém vai visitar, ela não busca, nem procura pessoa alguma somente as amigas fúteis que fazem parte da vida dela.

Por fim te negou nos acompanhar para festa de casamento de uma prima querida e percebi sua tristeza nos olhos na última sexta-feira, para ela era mais importante ir a farmácia que te escutar e nos acompanhar e fiquei mais triste ainda quando você disse:

Será que ela não pensa que posso está vivendo os meus últimos anos aqui na terra?

Embarguei minha voz não chorei para que não ficasse mais triste minha mãe, enfim faço o que posso, dou o melhor de mim, as vezes fico impaciente pois tenho minhas doenças também, não te abandonarei!

Por toda vida te amo!

Clara de Almeida
Enviado por Clara de Almeida em 13/07/2021
Código do texto: T7298547
Classificação de conteúdo: seguro