AO MEDO

Olá afável companheiro, como temos nos encontrado ultimamente, não?

Quero de início, assim de cara, prestar meu agradecimento pela companhia de tantos anos e anunciar minha despedida, sim, despedida.

Agradeço por toda dor que me era necessária sentir, pelo choro que era indispensável derramar, pelas ansiedades depressivas por qual era inevitável que eu não passasse.

Mas quero te ter ainda em mim, alí lá no fundinho do consciente, para que eu jamais esqueça o quanto foi importante para meu amadurecimento e minha formação de personalidade, que aliás, é a que sou mais grata.

Conviver contigo não foi nada fácil muito menos agradável em muitos momentos da vida, porém hoje consigo enxergar que na verdade foi um grande amigo. O mais honesto de todos, o mais cruel dentre todos os mais cruéis, o mais acolhedor e confiável, aquele que faz parceria com a alma.

Não posso ser honesta se não disser o quanto maligno, pernicioso, malévolo você foi no decorrer desses dias, semanas, meses, anos e décadas, mas sem nunca deixar de me ensinar que para te ter como amparo foi preciso deixa-lo entrar na minha vida e assim como entrou posso permitir que seja feito o seu despejo.

Com plena segurança hoje posso te manter longe, mas não tão longe, mas a ponto de ser quase uma batalha te tocar, e como estaremos em lados opostos já escolhi minhas armas para quando essa batalha resolver recomeçar.

Não, não tenho forte armamento, conto apenas comigo e minha mente e tudo que nela posso projetar e permitir que entre e se fixe e nas crenças positivas que trago dentro de mim.

Não será obviamente nosso fim, mas um longo desencontro que vejo despertar no meu mais profundo ser e que neste novo ser que emerge para os novos tempos não sinto que precisarei sentir-te tão próximo.

Despeço-me sem forte abraço e muito menos sem até um, até breve!

Roberta Krev
Enviado por Roberta Krev em 14/07/2021
Reeditado em 14/07/2021
Código do texto: T7299386
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