Carta para mim

Querida eu, se um dia se sentir perdida, diferente, lembre-se da época da época serena em que me encontro, dos dias em que ver nossa família era recorrente, de que brigar e reclamar com elas era um estresse do qual hoje resta saudade. Lembre-se das pessoas que entraram e saíram da sua vida, de cada perda, de cada dor, de cada joelho ralado e de cada memória detestável de raiz amarga e profunda, mas também lembre de cada sorriso que você deu, das pessoas que te fizeram sentir como se o mundo fosse um lugar extraordinariamente bom. Recorde-se de suas metas, da criança de cinco anos que queriam ter tantas profissões quanto a Barbie, que queria ser médica, bailarina, advogada, professora, veterinária, astronauta, cozinheira e ainda ter tempo pra viajar, visitar a família e lavar o cabelo. Recorde de toda a tristeza e alegria que já sentiu, de todo amor e de todo ódio, de toda palavra gentil e de cada palavra de desprezo e de ofensa, permita-se sentir toda a dor que consigo carrega, e a escuridão que tantas vezes esconde, deixe tudo vir a tona, abra seu coração e desabe, sinta o mundo que você tanto sonhou ruir, sinta a satisfação daqueles que nunca quiseram seu bem, e DESISTA!, Liberte-se disso, chore, chore e chore, como se não houvesse amanhã, depois vá ao mercado compre um monte de besteiras e se entupa delas, assista um filme dramático e chore mais ainda, e depois... depois pare de sentir pena de si mesmo e coloque suas vidas nos trilhos, volte ao início, a nossa essência, volte há aquela criança feliz, que acreditava em tantas coisas e que sonhava com elas, viva por aquela criança, torne os sonhos dela realidade.