Você já se sentiu amado?

Antes de mais nada quero deixar claro que lhe escrevo sem nenhuma outra intenção que o simples desabafo de pensamentos maturados ao longo dos anos e que por eventos dos últimos dias escapam na forma de insigth vulgar, ordinário e descompromissado até mesmo com a norma culta de nossa língua materna. Estamos passando pelo setembro amarelo, e já andava reflexivo sobre o tema, flerto com o suicídio, segundo minha memória sem credibilidade, desde que ainda era um rebento ranhoso e inadaptado a esse mundo fora da regras da minha realidade, aliás vale mencionar minha gratidão as duas terapeutas que tive, ajudaram muito a organizar e compreender meu interior, porém como sempre eu preferi continuar com minha máscara de "gente boa" para o mundo exterior ignorando a reverberação de tudo no meu amago. Pois bem, antes que me perca mais, vou citar como gatilho a atitude de três pessoas, uma muito próxima e a mais importante de minha vida, uma que conheço a certo tempo e tenho muito carinho e tento incentivar o crescimento e expansão dos horizontes e uma terceira que conheço a pouco tempo mas senti uma afinidade imensa, sonhos e desejos em comum, porém tudo que virá no próximo parágrafo (deu vontade de começar outro :)) é o resultado de todas as músicas, livros, filmes, séries, momentos e pessoas que fizeram parte da minha estória até aqui, então esta carta é pra você, mas não única e exclusivamente sobre você.

Ando sentindo um desanimo profundo e o hálito macabro do desânimo em meu pescoço desde que essas três pessoas me desapontaram de uma forma inesperada e gerando uma dor aguda, que anda revirando tudo aqui dentro, trazendo pensamentos indizíveis, memórias desagradáveis e deixando um inefável sentimento de nada. Não que a atitude delas tenha sido hedionda mas o conjunto do paradoxo em que me encontro potencializou a negatividade dessa ação, como disse, setembro amarelo, cansaço, falta de fé, incerteza no país e minha solidão contínua mesmo cercado de pessoas em muitos aspectos maravilhosas, enfim todas as minhas "luas nova" estavam alinhadas para a bad bater, e em suma o que fiz depois do ocorrido foi chorar até dormir apertando forte meu travesseiro, e mesmo nos dias seguintes continuava a carregar aquele nó frágil de choro na garganta, que constantemente ameaçava encharcar minha máscara e escapar pelos poros dela, então hoje resolvi compartilhar a conclusão que cheguei depois de tudo. Nunca fui o alecrim dourado, também nunca dei meu pior a ninguém, repuxei das minhas lembranças mais profundas e não listei uma única pessoa, que tenha tido um relacionamento mais duradouro comigo (amoroso ou não), que depois do convívio comigo tenha saído numa situação inferior a que estava quando a conheci, todos hoje estão em um emprego melhor, em situação financeira mais estável, mudaram a relação com as famílias, com a sociedade, consigo, sempre para melhor, na pior das hipóteses eu estava ali do lado incentivando e vibrando a cada passo em direção a realização de um sonho.

Todavia quando mudei a visão do observador e me coloquei no foco, pude perceber o saldo de todas essas relações. É inegável que cresci, aprendi e aprimorei muitas qualidades, mas poucas ou nenhuma foram de forma direta mérito de outrem ( e provável que as pessoas pensem o mesmo de mim e tudo bem, como dito antes é um desabafo sem pretensão nenhuma de ser um teorema de postulado perfeito), as pessoas participavam do crescimento sim, mas apenas durante o lapso do desenvolvimento e como coadjuvantes, os aprendizados eram meus, meu esforço e minha conclusão que geralmente vinham bem depois da pessoa já ter saído da minha vida, hoje olhando pro saldo atual deste momento especifico pelo qual eu passo, tenho uma dívida financeira enorme deixa por uma ex a alguns anos e ainda vou demorar mais uns dois anos pra terminar, um processo que estou movendo por calúnia e difamação contra uma pessoa que acolhi em minha casa e dei todo o suporte que pude, vários mal entendidos devido a pessoas que usaram de minha ajuda e amizade, que mesmo me conhecendo, falam mal de mim sem embasamento e sinceramente nem sinto vontade de devolver tudo isso com fatos que tenho registrados, também pouco me importa desfazer essa imagem ruim que empenham tanto esforço para construir, mas o principal espólio de tudo foi a minha resposta para a pergunta que fiz logo no início desta verborragia, e é não, apesar de ter dado meu amor ( sendo ele insuficiente ou não), não consigo me sentir amado como tentei amar (exceto em raros momentos de minha infância), mas o que me lacera nesta conclusão não é a falta de amor dos outros, não posso exigir tal sentimento de ninguém, amor é bem mais complexo e não da pra escolher quando e como aparece, no máximo você pode favorecer o meio para que ele chegue, o que realmente me machuca na minha resposta não é que eu dei tanto amor e não guardei nem um pouco pra mim, pra que ao menos o meu não fosse um talvez.