Minha querida...
Um dia todos nós fomos meninas. Fomos ingênuas e puras. E, a vida com suas lições diárias nos foi moldando... algumas tarefas foram amargas, outras nem tanto. Mas, no fim, tudo foi aprendizado. Ainda escuto sua voz grave e certeira a pronunciar sentenças inexoráveis... Sei que, muitas vezes, as lições foram repetidas a exaustão, mas talvez, não tivesse a audição madura para entendê-las. 
Quando percebia suas dificuldades e rudezas, procurei ajudá-la, mas confesso, a paciência não é dom automático... precisamos todos aprender a envelhecer, perder a arrogância e, talvez, a pressa exagerada.
Hoje sinto falta de suas palavras, de você recitar Cyrano de Bergerac em seu francês impecável...
Tal qual Bergerac você era uma livre pensadora... não tinha medo da censura alheia e nem da crítica cruel dos insensíveis... lutou contra preconceitos e, sempre foi generosa... mesmo que algumas pessoas jamais tenham percebido.
Minha querida, igual a você quando estou irritada com as coisas e com o mundo tenho vontade de caminhar muito até que a calma torne minhas pernas bambas e, eu consiga dormir profundamente.
Temo que um dia, dormirei tão profundamente, que irei reencontrá-la e conversaremos muitos sobre tudo e, a lição final de tudo, será que tudo valeu a pena... pois nossas almas jamais foram pequenas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 21/09/2021
Código do texto: T7347609
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