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O meu erro foi ter esperado tanto tempo. Ao esquecer a vida num poço de dúvidas, numa amálgama de destroços onde sempre descobria alguma relação antiga.

Olho para o lado e deixei de conhecer os contornos do rosto. Se calhar os anos vindouros trarão pessoas que se apaixonam pelo olhar sem semear mais nada, como sempre importou.

Amo-te e não quero saber das máscaras, da falta de ar que me assombra como um modo de prisão em que as portas não abrem, para fugir, gritar sem parar.

Quero ir lá para fora, perder-me no nevoeiro,  na chuva intensa que.me encanta, sózinho noutro tipo de sufoco, com o pretexto de nos amarmos sem a amargura dos desejos contidos, dos fantasmas que por lá sempre nos encontram.

Olho para o lado e as máscaras apenas mudaram de forma, a voz distorcida é uma benção que temos de acatar para o bem de todos. O sufoco que é suplantado pelo bem-estar geral. Não quero saber disso, nem dos funerais em camiões de guerra, das velhas carpideiras que sempre choram os seus filhos perdidos numa guerra anormal, como todas o são.

Quando receberes esta mensagem já estarei longe. Já terei gravado na pele os nomes dos meus filhos e estarei naquele festival onde todos observam o descalabro. Não te preocupes a luta é livre, mas o amor pela vida suplanta todos os golpes infligidos.
Manuel Marques
Enviado por Manuel Marques em 05/10/2021
Código do texto: T7357094
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