Photo by Kyle Cottrell on Unsplash

O meu erro é suplantado pelo valor das vidas que posso moldar.

A chuva cai forte, ela chora a chamar por mim e lá em cima uma lua assassina presta-se a chamar outro homem da madeira de cigarro aceso no meio da floresta, em época de fogos. Mate-se a besta antes que ela sequer pense nisso.

O meu erro são as súplicas, os pedidos de perdão. Olhei para lá do nevoeiro e vi as mágoas, o frio acentuou-se. Ela chora indiferente a isso.

O meu maior erro é não acreditar nas formas da tua lua, naqueles pequenos pormenores para além do infinito, só a outra me fascina, a atracção pelo perigo.

Ela já dorme, indiferente ao meu erro, às formas que o amor toma quando não há dores de cabeça.

Reagi aos erros do passado, tropecei nas minhas folhas e um poema fugiu do esquecimento, afinal ela chorava mais conforme o nevoeiro ia descendo mais e a lua assassina fazia o seu trabalho. Senti-me culpado de te amar, das viagens do abismo, de te aparecer assim à porta com um vazio dantesco de vontade, nem a paciência de um santo podia suportar tanta rigidez na alma.

O meu erro final, foi deixar de escrever sobre a morte, cagar-me para o conforto de um caixão e pensar que um dia podia pegar nela ao colo, sem pensar nima faca afiada a revolver-me as entranhas.

Na verdade até vieram dois milagres e estão agora a dormir.

 
Manuel Marques
Enviado por Manuel Marques em 05/10/2021
Código do texto: T7357123
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.