Querido eu

Querido eu (...)

Sei bem das artimanhas que enfrentou nesse ano anormal. Das circunstâncias adversas que foram impostas.

Bem sei do esforço necessário para levantar da cama; da força imposta para não perder o rumo e se render a trama.

Sei que beirou o absurdo.

Foi endoscopia com desfibrilador a 3mil volts, mas você seguia e seguiu; vez ou outra cabisbaixo, mas em sua grande maioria mirando o horizonte, perpetuando um futuro incerto que parecia nunca chegar.

Ah querido eu (...)

Sei das suas lágrimas;

Do pranto que molhou travesseiros e lençóis;

Da tua renúncia a tudo e todos.

Sei bem que assassinou alguns cupidos.

Vi de longe, tu, querido eu, matando o amor que nascia; e mesmo quando queria, o medo vencia.

Assim; mais uma vez, você partia.

Você partia em busca do novo; em busca do profano; da promiscuidade. E está tudo bem, você precisava.

Querido eu (...)

Te escrevo para lhe agradecer por tudo;

Se não fosse você, certamente eu não estaria aqui, essa nova versão de nós que eu tanto amo.

E apesar do tempo insano, estamos gozando de alegrias.

A vida é brisa leve;

Mas vez ou outra é onda de mar revolta.

É chumbo que pesa as costas.

É tempo que não se esgota.

A verdade é:

Nada pesa mais que

o peso de estar naquilo que se é.

obrigado QUERIDO EU.

Paschoal, George

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Paschoal George
Enviado por Paschoal George em 02/12/2021
Código do texto: T7398755
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