Carta aberta ao meu coração

Querido e adorado coração meu,

Desculpa.

Perdoa-me por todas as dores e sofrimentos pelos quais já te fiz passar, até ao dia de hoje.

Perdoa-me por todo as oportunidades de alegria, amor, carinho, mimo e afectos, dos quais te privei, por achar que não era o momento certo ou a emoção certa ou mesmo achar que vinham da ou íam para a pessoa errada.

Nas minhas conversas com Deus, apercebi-me que, não importa onde, quando e com quem estamos, o importante é abrirmos o nosso coração e darmos e recebermos todos os afectos que nos fazem bem e que, tanto o coração como a alma e o espírito, beneficiam deles.

Quantas vezes quiseram amar-te e tu (eu!) recusei, por achar que não estavas preparado, após ter sofrido desilusões tamanhas?

Quantas vezes quiseste amar alguém e eu não deixei, por achar que não era a pessoa certa, ideal, para cuidar de nós (de ti), pois poderia fazer-nos sofrer (outra vez!)?

Quantas vezes evitámos (eu!) que alguém se aproximasse de ti, pois achava que seria algo de curta duração e, novamente eu, achava que precisavas era de alguém que te amasse a longo prazo?

Quantas vezes, meu coração?

Quantas?...

Perdoa-me!

Perdoa-me.

Perdoa-me...

Tanta dor te causei, sem ter a mínima noção de que tu és mais forte do que eu possa imaginar!

Tantas exigências, condições postas, rejeições...

Não me passou pela cabeça o facto de tu te alimentares dos mais pequenos e mínimos pedaços de Amor.

Que o mais pequenino sinal de carinho te enche de cor e te faz pular de alegria, como se de vitaminas se tratasse!...

Que o mais sentido abraço te conforta, como se fosse uma mãe embalando o seu recém-nascido...

Ah! Das vezes que evitei que sentissem o teu bater forte, com receio que nos julgassem frágeis e carentes e pudessem, assim e por isso, abusar da nossa "fraqueza".

Quão ingénuo e insensível fui, egoísta até, por decidir sozinho, os passos a seguir, para que não caíssemos no ridículo de nos apaixonarmos.

Perdoa-me, coração, por tudo isto e mais qualquer coisa que me possa ter escapado.

Prometo que, ainda que aos poucos e lentamente, permitirei que gozes de todos os mimos que te queiram dar e também permitirei que dês mimos, carinho e Amor a quem quer que seja.

Prometo que te deixarei Amar, incondicionalmente, para que, aos poucos, recuperes as tuas forças, a tua vitalidade, na certeza de que, tudo isso, se notará num simples sorriso na minha face.

A diferença entre um sorriso sincero, genuíno, notar-se-á no meu rosto, acompanhado pelos batimentos rítmicos e felizes dentro do meu peito.

Os teus pulos serão a minha salvação, coração meu.

Amo-te!

AT

03.04.2017