Sem título

Venho descobrindo uma parte do meu eu jamais acessada por mim. O tempo vai passando e as cortinas da vida vão se abrindo e mostrando partes de nós que sempre existiu e que a gente insiste em deixar tampado para não encontrar com a verdade interna.

Por muitas vezes, escondemos em uma caixinha toda fragilidade, medo, angústias, escondemos tudo aquilo que é tão nosso e sensível, por simplesmente trazer em nossa jornada o fardo de que precisamos ser aquela pessoa forte, o amparo amigo para alguém que talvez passe por situação mais tortuosa, e assim, seguimos silenciando tudo o que precisa ser externado em nós. E até quando vamos viver assim?

A partir do agora, me permito sentir triste, sentir as dificuldades de estar sobrevivendo a um caos na utopia de me encontrar nas alegrias efêmeras da vida. Não é porque a dor do outro parece ou é maior, que posso me auto-silenciar para doar um suporte, que não tenho, e que na verdade o outro tem mais a me ofertar.

Que peso é esse que insiste em existir até mesmo nos momentos que a tranquilidade tenta pairar ? Que busca é essa de encontrar aquilo que parece estar no inalcançável e inexistente? Isso sufoca, afunda, apaga esperança do melhor.

No meu silêncio diário venho juntando uma carga extremamente pesada, e agora parando para respirar e compreender tudo isso, descubro um eu não acessado, um eu cansado, frágil, e que tem se angustiado em cada tentativa de ignorar todo esse misto de sentimento, tentando se passar por uma pessoa forte que não existe!

A vida é linda em todas suas fases, em cada história escrita na nossa jornada, mas precisamos com urgência não apegar somente na parte linda e por vezes tóxicas (pois acreditamos que tudo deve ser perfeito independente de qualquer coisa, e não, NÃO DEVER SER), e se permitir acessar aquilo que tanto incomoda e deixamos de lado na narrativa do: sou forte, sou forte, isso vai passar…. E infelizmente, algumas coisas não passam, ficam ali por tempos, sufocando aos poucos.

E quer saber? A única coisa que precisamos é rasgar toda cortina que esconde a sensibilidade do humano que quer ser de ferro ao invés de carne e sentimentos. Precisamos gritarrrr, rasgar o peito e colocar para fora tudo o que martiriza e corrói. Nosso tempo é pouco e muito improvável. Deixa ser, seja o que realmente é aí dentro de si, se DEScobre. Não minimize seus sentimentos frágeis para caber no conceito de força que ninguém tem. As histórias, vidas, caminhos podem até ser totalmente diferentes, mas estamos no mesmo barco, na busca de sobreVIVER dia após dia, lutando com todo esse mar de incertezas.

Não escrevo para que entreguemos aos fracassos e tristezas, mas para que busquemos enxergar essas partes duras da vida e aprender lidar para transmutar em algo melhor, e não silenciar/esconder algo que possa se tornar grave, impedindo sorrisos e caminhadas. Se conheçam, entendam os seus limites, trabalhe internamente aquilo que incomoda. Não se AUTO-SILENCIE!

Adeilton Silva

02/01/2022

21:58

Adeilton Silva
Enviado por Adeilton Silva em 02/01/2022
Reeditado em 13/04/2023
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