CARTA PARA JULIANA DAS DORES

Prólogo

Para as irmãs Juliana e Luciana Das Dores com respeitosos carinhos e afetos. – (Nota do Autor).

O ILUSTRE POUCO CONHECIDO

O pouco conhecido Fernando Torres é um visionário eclético. Ele estuda, lê, escreve, aprende e ensina. Ah! Ele joga xadrez contra ele mesmo ou contra seu computador com configuração especial para jogos (games).

Quando um dia lhe perguntaram o porquê de o apelidarem de doutor, professor, sargento, capitão e/ou major, e se ele se preocupava em ser uma pessoa especial... Fernando respondeu com um sorriso enigmático:

"Dizem que sou inteligente, que sei das coisas, mas sou tão pouco instruído quanto qualquer outro. Daí o meu esforço para aprender, a cada dia, um pouco mais. Especial? Eu? Não. Não me preocupo em ser considerado especial. Aliás, os comuns, iguais a mim, não se preocupam com os pensamentos e/ou ações alheias e tampouco querem saber o que é ou ser especial.".

"Acredito que superando as minhas dificuldades deixo algumas pessoas acomodadas um pouco para atrás. Isso não é ser especial. É ser uma pessoa comum, determinada, tentando superar seus próprios limites.".

A SOLIDÃO DE UM JOGADOR PERSPICAZ

Noutra ocasião um seu admirador quis saber o porquê de ele, Fernando, jogar xadrez contra ele mesmo ou contra o seu computador. Talvez isso caracterizasse um isolamento proposital.

No momento dessa pergunta os olhos pequenos de Fernando ficaram menores ainda. Ele parecia haver ficado triste, sorumbático em demasia. Mas o jogador solitário respondeu com a voz firme:

"Ah! Eu jogo xadrez comigo mesmo porque perdendo ou ganhando sou o jogador que não humilha o adversário. A duras penas aprendi também a não revidar ofensas, a ser tolerante e a não exercer a vitimização tão danosa à evolução espiritual.".

Sociável, pacificador, educado e solidário, sempre que possível Fernando escreve cartas para seus poucos amigos e amigas. Nessas ocasiões ele é o paizão que todos gostariam de ter. O conteúdo dessas missivas, à guisa de conselhos, é sempre para incentivar a valorização do amor-próprio, isto é, da autoestima.

Fernando acredita que a perda da autoestima é o primeiro passo para a modéstia ostensiva, a qual nada mais é do que a vaidade danosa disfarçada de humildade.

Fernando, heterônimo de Artur, Eduardo, Henrique, Leandro, Pedro, Evilásio, Eugênio, Sérgio, Zé Preto e Wilson estava diante de um dilema que sua comadre Juliana lhe segredou para tomar uma importante decisão socioafetiva.

Ela deveria ir ou não visitar sua mãe idosa, enferma, num ambiente familiar conturbado, totalmente perturbador? Eis o Dilma!

Ao saber da perturbadora questão ele escreveu uma carta para Juliana Das Dores nos termos que se seguem:

A CARTA DE FERNANDO

Campina Grande, PB, 15 de março de 2022.

Bom dia, comadre, Juliana....

Que as bênçãos divinas façam resplandecer em seu espírito a alegria de viver com saúde, paz, luz e graça. Que seja você essa filha, mãe, avó e irmã guerreira para a felicidade dos que possam compreendê-la onde queira estar e fazer prevalecer a sua bondade.

Não se trata de penúria, como você verbalizou, visitar familiares enfermos ou saudáveis. Não esqueça que informação e comunicação são armas excelentes para o progresso em todas as áreas do conhecimento humano.

Essa possibilidade de visitar os seus familiares é uma bênção e como tal deve ser aproveitada com alegria. Deve-se dar graças a Deus por essa beatitude. Visitando seus familiares, você está tendo a oportunidade de se socializar com quem precisa desse afago fraterno.

Todos nós, saudáveis ou não, precisamos ser fraternos e sociáveis. Não é de bom grado trancar suas portas e janelas para quem pode e quer lhe visitar para ajudar, trocar palavras amigas e lhe abraçar.

Somente pessoas ignorantes, desorientadas e/ou desequilibradas se isolam dificultando uma orientação, uma ajuda ou um socorro imediato. Não permita que suas dificuldades financeiras lhe impeça de visitar sua família. Faça isso feliz e sorrindo. Deus haverá de lhe recompensar por essa humanitária e fraterna ação.

Mantenha-se ocupada! Sinta-se útil e necessária! Sobretudo reclame menos... Ame-se e se supere! Sua melhor desculpa não deve ser maior que o seu desejo de progredir nas áreas socioeconômica e afetiva.

O nome disso é vontade. Portanto, aprenda a dizer não apenas quando for necessário sendo você mesma sincera, leal, honesta e verdadeira. O nome disso é autenticidade.

Por aqui, em nossa casa e no ambiente de franca harmonia, os trabalhos continuam visando o fortalecimento dos laços espirituais afetivos e o progresso socioeconômico de todos.

Espero que sua irmã, senhora Luciana Das Dores, e você possam se harmonizar e recuperar, o mais breve possível, das aflições pelas perdas inesperadas dos seus: irmão e pai recém-desencarnados.

Fique em paz e que Deus lhe abençoe junto à excelsa família.

Assina, respeitoso e atencioso: Fernando

QUEM É JULIANA DAS DORES?

Juliana, irmã de Luciana Das Dores, poderia, sem pejo do ridículo, se chamar: Anazilda, Belizária, Clotilde ou mesmo Damiana, mas seus pais escolheram o nome Juliana por falta de consenso entre os nomes Júlia ou Ana.

Juliana das Dores, igual a sua irmã é uma mulher simples, pouco ou quase nada instruída, mas seus sofridos dissabores, por livre opção, são dignos de absoluto respeito. Ela honra a honra de uma família pobre e totalmente desestruturada no que diz respeito à afetividade e baixo índice cultural e de sociabilidade.

Igual ao meu amigo Henrique, Juliana e Luciana adoram animais. Ah! Isso é excelente e fácil de explicar.

Entendo, salvo outro juízo, que: Nenhuma força é poderosa se não for acompanhada de coragem e tolerância, capaz de ensinar a suportar ingratidões, sofrimentos e desinteresses sem deixar de amar. E os animais nos ensinam a amar de forma incondicional.

CONCLUSÃO

Os corações das mulheres, iguais aos muitos instrumentos, terão comportamentos diferentes porque dependerá sempre de quem for capaz de os impressionar e tocar. – (Nota do Autor).

Não faz muito tempo que o professor Fernando escreveu duas cartas, com conteúdo iguais, para as irmãs Juliana Das Dores e Luciana Das Dores. Nessas cartas ele escreveu as linhas abaixo:

"A autoestima elevada é a condição essencial vivida por pessoas que são elogiadas, apoiadas, autoconfiantes, que têm amor-próprio sublimado, não vivem em conflito e não são ansiosas e inseguras.".

"Mas será preciso trabalhar com parcimônia para manter essa proficiente autoestima sem exagero e não parecer pedante diante das pessoas inseguras, criticadas, indecisas, depressivas, vitimistas e que buscam sempre agradar pela submissão.".

Assina, respeitoso e atencioso: Fernando.