Meu netinho Benício,

 

      Hoje, 15 de agosto de 2020, escrevo para você meu amado neto essas linhas em um momento de muita aflição. Estamos  em plena pandemia da Covid-19. Encontro-me em confinamento, por tratar-se de um vírus altamente perigoso, contagioso e letal. Os meios de comunicação, através de seus noticiários, deixam as pessoas em pânico, principalmente os idosos, assim, como eu. O mundo está em alerta. Muitas mortes, falta de assistência médica, medicamentos, oxigênio, doentes nos corredores dos hospitais, outros abandonados em casa e muitos morrendo nas ruas. Uma verdadeira e cruel devassa de vidas. No meio de tanto sofrimento e dor à busca científica pela vacina. Enquanto isso, cada um livra-se como pode, famílias separadas, uso constante de máscaras e álcool gel. Os profissionais lutam incansavelmente para salvar vidas, muitos são contaminados e alguns morrem. O pavor se alastrou entre os povos mundialmente. Nesse turbilhão, também, estou amedrontada, por está com sessenta e seis anos e com comorbidades. Ansiosa e afastada da família. Tão perto e ao mesmo tempo distante de você, meu querido netinho, estou perdendo o seu crescimento e suas primeiras palavras. Sei que sente a ausência de cada um, sem compreender os fatos. Com o passar dos anos entenderá que foi necessário para que todos permaneçam juntos no futuro. Está sendo muito difícil para eu permanecer longe dos filhos, netos e dos que amo. Acredito que tudo logo passará e que Deus na sua infinita bondade e misericórdia dará alento para cada um de nós e conforto para os que perderam seus familiares. Espero que um dia, essa cartinha, chegue em suas mãos como parte de minhas memórias e como história que um dia você irá contar para uma nova geração. Com muito amor, aceite o meu carinho e um saudoso abraço.

De sua vovó,

Fatinha