Amigos são importantes?

Antes de tudo, de começar o que tenho a dizer, gostaria de dizê-los, brevemente, sobre algo pelo qual mais deposito afeto. Minha mãe. Tão forte quanto qualquer heroína projetada por homens geniais, ela pleiteou males os quais nem sequer compreendia. Era apenas uma mulher defendendo seus filhos. Vivenciou tempestades sozinha, ventos arrancavam seus telhados frágeis, duma casa erguida aos trancos. Ora, não era para tanto, morava num barraco erguido em um canto minúsculo doado pela irmã em seu lote. E daí? Isso jamais a motivou às desistências, lutou bravamente pela sobrevivência de seus filhos. Derrotou um dos quatro cavaleiros do apocalipse sem ter notado-o. Grande guerreira! Athena a inveja; Artemis, sorrir. Devo toda minha sobrevivência a ela. Toda minha virtude. Sou tolo, pacato e medroso, duvido retribuir todo feito magnífico. Obrigado, minha mãe! Não poderia falar de amizade sem antes mostrar que é a pessoa número um em meu coração.

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Falar de amizade, para mim, é tarefa difícil. Há tantas interpretações que cercam tal substantivo, ou subjetividade. Eu diria: um brilho celeste. Hoje, talvez um tanto pálido. Não julgo a palidez, muitos amigos foram para lugares ermos, duvido encontrá-los novamente; outros preferiram a cegueira do que poder observar a realidade exterior. Perderam-se no infortúnio do tempo, presos em males. Mas amo-os!

Uma certa vez, durante sonhos que me causavam danos terríveis, minha consciência, com uma voz tonitruante, disse que o último brilho de luz da amizade fora velada pela obscuridade da hipocrisia, mentiras descabidas, soberba e afins. Eu não acredito. Espantei aquela voz horrível e asquerosa! Eu perdi amigos, mas não nesse sentido. Perdi muitos para o tempo, as intempéries ocasionada pela má fortuna das drogas, sejam elas proibidas ou aceitas por nossas leis. Mas, de um jeito rude, sem muitas respostas, possuo meus poucos amigos sobreviventes. Lutamos batalhas, lutamos ainda contra o tempo, sempre em busca de alguma montanha alta o suficiente para alcançarmos o céu.. Não possuímos poderes de adivinhações, dons os quais nos permita enxergar o tenebroso e ansioso futuro, por isso escrevo isso: não sabemos quem jazerá enterrado num caixão nesses cemitérios primeiro. Sendo assim, deixarei minha impressão se a amizade é importante. Com certeza eles saberão, quando lerem, quem são.

Primeiramente, sinto falta de algumas épocas, mas entendo as circunstâncias ditadas pelo tempo, somos orientados, de certa forma, sob suas ordens. Mas não o julgo, graças a ele pude conhecer novos amigos pelos quais guardo-os em meu coração. Poderia dizer o nome deles, mas prefiro não cometer esse erro. Mais uma vez: eles sabem. Alguns se preocupam com minhas dores e agonias, outros são chatos, mas preocupam-se ao seus modos. Se eu pudesse fazer um pedido, gostaria de uni-los mais uma vez, sem ressentimentos infantis, brigas dadas por circunstâncias de excitações momentâneas, tédios sem proporções ou estresses descabidos. Conhecemos uns aos outros, porque não aceitar que cada um possui sua particularidade? Ora, somos uma amizade mista. Uns gostam de aventuras nas terras médias, outros são chegados em viagens, em ser soldado, em ter seus luxos exibicionistas e tirar um "zen" disso, uns um tanto largados aos modos grunge e adoram isso, que gostam de doramas e trabalhar em hospitais e lutar por sua profissão diante de uma fé católica admirável. Somos todos amigos! Já quis desistir de ter amigos, mas deixar isso de lado me mataria aos poucos.

Sabem o que noto quando vou visitá-los? É bem estranho, mas vamos lá.

Noto há algum tempo, com olhos impressionados, um mundo fantástico na presença de amigos, pareço estar submerso num dos lugares mais épicos e belos narrados por Tolkein. Ao ir à casa de algum amigo -- aqui me refiro aos de fato, não colegas -- entrava por uma porta. Ela era enorme, reluzia do mais puro dourado, bonita como as de Valfenda. Em sua parte superior havia um arco com escritos, dizendo: lar celestial da felicidade. Sim, o Reino da amizade. Adentrando, poderia me vislumbrar nos encantos da alegria, da anarquia do humor, sem regramentos. Em outras palavras, podemos ser nós mesmos. Se não podemos, então nem estamos no Reino referido. Nem mesmo Galadriel, tão bela e poderosa, presenteando-me com os objetos magníficos tirados de minha consciência, alegra-me tanto quanto estar perto deles: meus amigos.

Tecer palavras sobre tudo isso me traz recordações. Lembro-me com demasiada euforia de dias tão belos e reluzentes quanto o sol da primavera; dias de aventuras, jogos, caminhadas aleatórias... é como se pudéssemos cantar as canções élficas a cada passo de entusiasmo. Ter amigos é possuir a beleza a qual Platão discutiu com discípulos. Amizade, também, remete ao professor Tolkein, pois ele narrou, sabiamente, o sentido da palavra em si, não sendo apenas uma situação de tapas nas costas.

Enfim, fui alertado sobre tudo, graças aos amigos. Tornei-me o pior bobo da corte de eras medievais. Porém, melhorei inúmeras capacidades cognitivas, superei-me e devo essa superação à amizade! Nunca consegui ser engraçado com um deles, mas tentei. Mas sempre tive meus certos momentos de destaques diante deles e delas. Ainda teremos momentos de alegria numa mesa farta, sorrindo e bebendo como anões.

Sim, amigos são importantes!