CARTA PARA O FUTURO 4

Caro poeta,

Venho deixar este lembrete de que você não é digno. A pessoa que é alguém de fato humilde e sensata. Você lutou, até lutou, mas se entregou em batalhas fúteis e irresponsáveis. Que dignidade você possui para obter tudo o que mais deseja?

Aí você lembra que numa situação como essa, não vale a dignidade, vale a escolha. Você escolheria quantas vezes fossem necessárias tê-la contigo. Mas ela já não escolhe mais você.

Se enganava que ela era a reserva e tentou não engana-la. Mas enganou-se mais ainda: a reserva eram as outras pessoas, a reserva era você.

Indigno e irresponsável. Chorão e desleal. Esta é a sua face mais exposta, pelo qual tanto lutou para expor, pois não tinha medo das consequências. Eis as consequências, eis as desvantagens de ser real.

Não tenha medo, filho, não tenha medo, já irá passar essa tempestade à beira do rio, que nem fundo sequer é. Mas a água é doce, no entanto poluída. Duas confusões num só período.

Indigno, lembre disto no futuro. Você foi, e é, indigno. Não restará mais nada a saber para seguir em frente. Deus o guie!

Assinado: poeta.