Eu só queria uma vez,

uma única vez,

olhar nos teus olhos e falar:

você é muito amado.

Eu queria muito poder falar,

porque amanhã eu posso não estar mais aqui.

E mesmo assim, serei uma estrela e zelarei por ti.

 

Talvez, talvez... e disso tenho certeza,

haja mesmo uma parede a nos separar.

E ela se chama máscara dos labores.

Quando a gente veste máscaras

e finge que somos o que não somos.

 

Eu só queria uma vez, uma única vez,

olhar nos teus olhos e dizer que você é amado.

Mas você não entendeu nada.

E pra você tanto faz...

"não significa nada".

É óbvio.

É profundo demais

para ser dito em palavras.

 

Mas tenho orgulho de mim.

Porque tive essa coragem.

Não me escondi, nem fugi

dos meus sentimentos.

Eu sou real. Eu tenho ossos,

carne, tenho coração -

que bate ainda,

bate ainda,

bate ainda -,

ainda...

 

E não vou mudar.

Não vou deixar nunca de ser quem eu sou.

De dizer o que sinto, o que penso.

Então... se você não quiser ouvir...

talvez... eu deva deixar de te olhar...

porque não posso olhar pra você

e esconder atrás de uma pedra de gelo

meus sentimentos.

 

E foi isso que você foi.

Uma montanha de gelo.

 

E eu senti sim.

Foi só mais uma de tuas facas

que cravou em mim.

Eu lamento!

Mas já sobrevivi

a tantas mortes,

tantas dores...

Espero que você saiba sim

que me magoou muito.

Era só ter escutado

e ficado quieto.

Não precisava magoar,

ferir como fez.

 

Ou, de fato estou confundindo

você com o outro.

Os dois não são a mesma pessoa.

Mas isso não importa mais.

 

Nada mudou aqui.

Não mudou em mim.

E se choro, é por isso.

Porque, o tempo passou

e as coisas não mudaram.

Você continua

me expulsando de sua vida.

 

Eu? Eu continuo te amando.

E sempre vou te amar.

E por mais que me empurre pra longe...

(Talvez eu não esteja mais lá.

Outra mulher está em meu lugar).

Mas eu sempre vou estar aqui,

falando com você como sempre fiz...

como foi nestes milênios todos.

 

E se tiver que falar

comigo mesma, sozinha...

já falei por séculos...

Eu me escuto.

Não sou surda

à minha própria voz.

E me deixo tocar

por minhas próprias palavras.

Me deixo amar...