Carta de Flavio Porto, com resposta de Carlos Silva

Flávio Porto

Grande! Carlos SIiva, poeta, cantador, parceiro. Lembro quando conheci Carlos SIlva, foi em meados 2005, eu revisitando o Bexiga. Depois de muito tempo, pois havia tocado naquelas casas de 1992 até 1995, lidando com a indiferença dos músicos, pois, já existia uma panela de músicos egocêntricos, que se achavam o máximo, que passavam por cima de vc por um cachê de 20 reais, que era o que se pagava por uma hora de show. Nunca tive panela, sempre andei, (eu e meu violão). Até que fui estudar com Mozart Mello, o professor dos professores, para estudar " Harmonia", nunca quis ser guitarrista, mas queria saber o que eu fazia no violão. Até que voltei e conquistei meu espaço. Quando o Bexiga entrou em decadência, fui pra Vila Madalena em 1996 e fiquei ate 2001. Engraçado! como tudo vai se acabando. A boemia já não existe mais em São Paulo, com raras exceções, quem viveu nesse período sabe disso, ainda peguei o finalzinho da boemia, quando fui para Bexiga, que sempre foi um bairro tradicional do encontro de músicos, intelectuais, poetas, artistas plásticos, que se reuniam pra falar de tanta coisa legal, que nos enriquecia. Com a mudança brusca do mercado fonográfico e monopólio do gênero intitulado" Sertanejo Universitário" e esse chamado forró, que é uma gororoba, uma mistura de arrocha, com pisadinha e música eletrônica, com um cara semitonado, que normalmente vc não entende por que a dicção é muito ruim, além de o cara apertar o botão no seu teclado e disparar um karaokê ambulante. Agora veja você, se existe isso, pois tem alguém que consome. Agora se tratando de poesia, não existe mais, pois o lirismo, o romantismo acabou. A temática é chifre ou seja traição, cerveja, balada, a desvalorização da mulher, que é outro tema recorrente no outro sub gênero chamado "FUNK" a ostentação, a loucura, a droga ou seja tudo que não presta. Mas hoje em dia isso tem muito valor, porque? Simples, os investidores, aqueles que estão por trás da indústria fonográfica, quem comanda, não está preocupado com arte em um artista que tem algo pra dizer, que tenha uma certa relevância. Tudo está dominado, os meios de comunicação, a tv aberta, a REDE GLOBO e os outros canais dominado pelos evangélicos, a grande maioria preparados pra ludibriar, que enriquecem através da fé do pobre alienado. Carlos Silva é um poeta, músico, compositor, escritor, um batalhador que merecia ter um reconhecimento. No mundo que vivemos é exnugar gelo..... como ele diz: - O povo quer saber de putaria. Ninguém quer ler, pensar, dá muito trabalho. Infelizmente essa geração está perdida, com raras exceções. Os bares em São Paulo, estão sempre lotados, de gente fútil, segurando um copo de whisky falsificado, batizado, um energético, cocaina, extasy e outros intorpecentes pra aguentar essa vida fútil. Agora, Carlos Silva e eu somos contemporâneos de uma geração da boa música, da época de ouro, onde o cantor tinha que cantar e tocar. Infelizmente estamos envelhecendo que é natural, por isso não devemos nos preocupar, pois, temos nosso valor e não nos corrompemos e não abrimos mão da nossa dignidade. Eu ainda continuo na noite, por que me considero um operário da canção, mas no meu show eu não toco música ruim, pois, com meus 56 anos de São Paulo e 30 anos de música, consegui impor o meu trabalho como intérprete, com muita luta e dedicação. De vez em quando, aparece um aventureiro tentando puxar meu tapete, eu nem ligo, pois, sei que nesse mundo da música existe muito canalha e muita desunião. Os músicos da noite é a classe mais desunida que eu já vi, muita gente egocêntrica, prepotente que acha que é artista. A pessoa tem nascer artista , ter alma, ter sensibilidade, ter criatividade e principalmente ser humilde e saber respeitar quem chegou primeiro e respeitar a história dos nossos mestres, músicos, compositores, letristas e poetas. Mas vc disse: - o respeito ao próximo acabou. Ninguém respeita os mais velhos, os professores, os pais. Vivemos num mundo caótico, em muitas estâncias, nas artes, na política na religião, sei que tem muita gente boa, bem intencionado, mas a grande maioria é alienado. Carlos Silva, cada escolha é uma renúncia. Sei que bate uma saudade de tocar na noite, mas meu amigo, não é mais a mesma coisa. Hoje vc mora em Caldas do Cipó, onde vc tem sua família, sua esposa, seus filhos e netos e amigos, no Recanto do Poeta, onde vc tem sua paz de espírito, a natureza, a simplicidade, pois tudo isso faz parte da sua essência. Mas quando sentir saudade é só vir a São Paulo, visitar seu amigo. Fique em paz , te admiro demais, pois, conheço sua história e seu caráter. Um beijo no coração. Saudade do seu amigo e parceiro paulistano. Flávio Flávio Porto

RESPOSTA DE CARLOS SILVA

Flávio Porto Vivo a pregoar aos quatro cantos do mundo e enquanto vivo estiver o farei, que a poesia me salva, é o meu mundo, meu complemento do existir, em que por vezes a tenho como fuga, refugio e refrigério. Nas trilhas ou léguas percorridas, em meio aos tropeços desesperanças e caos provocados por almas em gestos desumanizados, a gente vai olhando e admirando as cores do Arco Íris da vida, pois mesmo que passe despercebido, ele está lá no alto com suas multicores embelezando não só a quem o admira, mas a todos sem distinção.

O que rege o viver, é a simplicidade que tem que existir dentro de você, e não importa se você mora na favela, ou no mais luxuoso côndomínio fechado com 300 seguranças e todos os serviços de SELF-SERVICE a sua disposição. Tudo está a sua mão com um simples click. Comida, bebida, presentes, drogas, sexo, moveis, pizzas. O que você imaginar eles entregam em casa e você emite o pagamento através da nova moeda corrente no país, o famoso e aderido PIX.

Mas o bom de tudo isso, é que você percebe que existem pessoas que se tornaram amigas, guerreiras, dividindo com você os bons e os não tão bons momentos dessa vida. O destino molda o teu caráter para que você compreenda o afunilamento de tudo que existe, mas que em meio a tanto dissabores, existem os ANJOS AMIGOS que aparecem para complementar a fase da continuidade desse prosseguir.

Flavio porto, é musico, é meu amigo e meu irmão de artes luzes, palcos e aplausos. Percebeu dentre outras pessoas no vídeo (LAIVE) que fiz, o verdadeiro teor das minhas falas. Quem não as entendeu, é porque não conhece o meu caminhar (como citou o Flavio Porto) nada sabe sobre mim e pode até ter a liberdade de me criticar(A PORRA É QUEM LIGA PRA ISSO). "Vivemos num mundo cão, abraçados ao caos diariamente". A gente só precisa saber se livrar das pedradas que nos são dirigidas pela inveja e pelo desrespeito.

Saudosismo, também é uma forma de dizer; EU ESCREVI A MINHA HISTÓRIA POR ONDE ANDEI. E, sempre de cabeça erguida sei que apertei boas e não tão boas mãos, confiei demais, me iludi demais. Hoje, eu quero gozar a paz de um ócio criativo, de um não me preocupar pois sei que não terei mais 59 anos para viver. Faço o que eu quiser, vou pra onde eu quiser sem ferir e evitando ser ferido pelos algozes invisíveis que sempre aparecem sorrateiramente.

Obrigado Flavio Porto. Nossa amizade foi feita na boemia, no tempo em que ainda era permissível (APESAR DE TUDO) sonhar e construir uma vida mais digna através da arte. Sinto saudades, lembranças tantas do Costelão, do Jornal Diário, do Bixiga, da Vila Madá e de tudo que sampa me deu como experiência. Estou encurtando os passos, mas não os sonhos e nem a vontade de viver. Aprendi que é necessário caminhar, pois já corri demais e hoje estou mais cauteloso, cuidados, desconfiado mais do que OLHO DE RAPARIGA e não mais me iludo com tanta facilidade com antes o fazia. EVÓE Flávio Porto, parceiro irmão amigo e salve a BENDITA PALAVRA QUE DE NÓS ECOA, ATRAVÉS DA POESIA E DO CANTAR.

Sim, eu sou movido á poesia.

Carlos Silva.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 18/12/2022
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