Verdades

Eu sei que nossas verdades não são as mesmas. Mas são verdades. Eu sigo acreditando no que me dizes e deves fazer o mesmo. Nunca tivemos quaisquer motivos para duvidar disso. Nem quando nos amávamos por complemento nem hoje, quando somos o prato principal um do outro. Não podemos e não devemos fugir da nossa creofagia.

Quando te fito e sorrio, o faço do fundo do meu ser. Digo ali o quanto sou feliz nesses nossos momentos. Quando me criticas e percebo que não me conheces como sempre penso, meu descontentamento explode como trotil. Eu não sou tua alma gêmea e tampouco és a minha. Almas gêmeas não existem, amor.

É fato que não vivemos destinos. Nem comuns nem diversos. Vivemos o presente quando ele nos se apresenta. Somente o presente existe, amor. Somente o presente é palpável, mesmo na sua subjetividade. Somente. Eu quero viver sempre minha memória recente. Podes imaginar?... Quem não tem, não vive com sua memória recente, não existe. Realidade cruel têm esses seres.

Nossos toques, sempre tão exclusivos, nossos cheiros misturados, nossos sons e nossas lutas, onde não temos mortos ou mesmo feridos, são a nossa vida. Somos tão felizes nesses momentos que quaisquer outros são puro desperdício. Por que temos que pensar no “futuro”? Por que temos sempre que levantar a bandeira do “destino”?

Eu lembro que um dia te vi passar. Aquele prazer que vivi jamais voltará. Eu lembro que um dia beijei teus lábios pela primeira vez. Nunca um beijo nosso será como aquele. Não esqueces, sei. Eu também não. Eu lembro que um dia a saudade te fez procurar-me. Eu te busquei, também. Mas as minhas melhores lembranças não vão mais longe do que as dessa manhã.

Breve, teremos outras verdades para contar. Outras verdades para ouvir. Outras verdades para ser questionadas, criticadas e jamais esquecidas. Mas atenuadas pelo tempo e por novas verdades.

Márcio Ribeiro
Enviado por Márcio Ribeiro em 12/12/2007
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