Uma carta de despedida

Painho, pai, Papai, papito, seu João, seu Zé...

Está é uma carta que eu não gostaria de ter escrito, mas, a vida nos prega peças gigantes. E, como não somos donos do nossos próprios destinos, cá estou eu... Cá estamos nós.

Há 15 dias te vi, pela última vez, de olhos abertos e a muito tempo eles estampavam o medo e a incerteza. Na tua cabeça havia algo que não tem pertencia, e a cada dia que passava ele tomava cada vez mais espaço. Ontem, quando cheguei em casa, o silêncio e o vazio estavam maiores. Tuas coisas e roupas estavam no mesmo lugar e, no meu coração, estava a enorme vontade de te trazer comigo (mesmo que escondido) pra casa em toda visita que eu fazia. Agora, essa vontade se transforma gradativamente em saudade. Queria que tivéssemos voltando no mesmo carro, conversando ou em silêncio mesmo. Mas, fosse em outro carro e para outro lugar. Foi duro, foi cruel, principalmente por saber que para milhões de pessoas esse dia é indiferente. Mas meu velho, saiba que por mais que não nos encontremos aqui, seguimos te amando, e um dia a gente se encontra. Cedo ou tarde a gente se encontra. Enquanto isso, seguimos, doloridos e saudosos, mas seguimos.

P.s. Zé, o loro de papai, pediu pra avisar que também sentirá muito a tua falta. E Maria, a princesinha do vovô, que ontem nos deu palavras importantes "não é pra ficar triste", então, não ficaremos ok? As lágrimas são inevitáveis, são as lembranças e o amor que sentimos, que extravasam do nosso corpo agora. Xêro grande Papai, te amamos sempre e para sempre, até mais!

Ewelyn Morais
Enviado por Ewelyn Morais em 05/04/2023
Reeditado em 06/04/2023
Código do texto: T7756857
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