Por favor, me desculpe...

... por ainda não ter conseguido juntar todos os meus pedaços. Por me apresentar assim: fragmentada, sem brilho, sem poesia. Por não entender seus segredos, não decifra-lo.

Desculpe-me por sempre voltar, por tê-lo como incógnita e, por isso mesmo, interpretar de forma tão errada todas as coisas.

Por não mais querer saber tim-tim por tim-tim das coisas que você apresenta mas que consigo ler nas entrelinhas mesmo sem querer. Por não mais tentar desvendar os seus mistérios por agora entender que não se pode conhecer ninguém de forma plena para que não se desmonte a paixão e tudo que a alimenta pela ânsia ao desconhecido, mas que ainda foco tudo que é seu com meus olhos gulosos e quase sempre tão tristes levantando paredes de um castelo ilusório que se desmonta sobre meus pés deixando-me sempre muito ferida.

Por ter tentado conhecê-lo aos poucos, coletando pistas, juntando pedaços e quase sempre ter conseguido dose letais de dor em conta-gotas na miscelânea que se tornou tudo entre nós e toda a verdade que jamais foi verdade.

Por ter me rebelado contra os deuses que me levaram a essa armadilha de sempre voltar ao mesmo ponto e de sempre morrer no mesmo instante. Por ter entregue meu coração quando ele jamais havia sido solicitado. Por ter confundido todas as coisas e me repetido em todas elas me deitando em seus segredos e tendo a insônia da decepção.

Por saber suas linhas todas, por reconhecê-lo em cada traço e continuar sem desvendá-lo como se fosse um castigo. Por ter sido tão entregue e tão aberta quando nada disso me foi pedido.

Por tê-lo amado sem sua autorização. Por ter ainda essa espécie de dor auto-destrutiva que me assola a cada manhã quebrando meus ossos.

Por favor, me desculpe por tê-lo feito tão especial e por ter achado que eu também poderia sê-lo e por ainda tentar encontrar nas suas palavras, uma única palavra que não tenha sido um ‘copiar e colar’ ; uma palavra que tenha sido apenas minha.