Minha morte

Aos que me conhecem tenho um último pedido!

No momento de minha morte doem todos os meus órgãos que ainda servirem a outros, já que não servirão mais a mim.

Se quiserem, velem meu corpo por um longo período como fazem os cristãos e após se despedirem dele, coloquem uma moeda em minha boca - se puderem, o barqueiro é exigente -, em seguida enterrem meu corpo aos pés de uma Gameleira branca, se possível, o Tempo me acolherá e o chamado de volta para casa me erguerá.

Não sofram por minha partida, lembrem-se sempre que a morte é uma simples mudança para um estado novo, a destruição de uma forma frágil que já não proporciona ao espírito as condições necessárias ao seu funcionamento e à sua evolução, como ensina Kardec: eu sempre estarei em seus corações. Não é o fim, logo nos encontraremos de novo.

Saibam que Hades e Nanã estarão me esperando às margens do rio Estige e os espíritos de luz me guiarão pelas novas e novas encarnações, para que minha alma se cure e se eleve ao reino dos Céus e à outras constelações.

Não tentem inverter situações ou impeçam que algo aconteça, maktub, não tem porque perder a cabeça.

A vida requer vida e é só o que podemos oferecer até que não seja mais possível viver.