A sutura perfeita

O silêncio só pode ser compreendido em sua totalidade no contexto de quem o vive. Silenciar diante de algo que nos machuca, fere... penso ser o melhor caminho, no entanto, dependendo do contexto, dos sentimentos que o que nos fere causa o eco da dor pode ser a reação não esperada por nós naquele momento, mas a reação que temos - ferimos profundamente quem nos feriu...

As feridas mais doloridas, mais cortantes e mais difíceis de sarar e esquecer são as causadas pelas pessoas que estão mais próximas a nós, mais perto, que mais amamos. Se não fosse assim, não causariam tanta dor, tanto sofrimento.

Eu já estive do outro lado. Ouvi as coisas mais terríveis e doloridas ditas de forma verbal. Nunca esqueci e talvez nunca esqueça, mas hoje não causam mais dor porque perdoei de coração.

O perdão não é para quem recebe, mas para quem concede. É quem concede perdão que a paz vem. Quem recebe pode nunca perceber a extensão, a imensidão do gesto, mas quem o concede sabe que o coração ficou livre. Liberto da dor, liberto da raiva, liberto do ódio, liberto do sofrimento, da tristeza.

Acho que a paz que vem com o perdão é o bálsamo para a ferida causada e aberta... a sutura perfeita, o amor de plenitude que alcança a alma e coração de quem perdoa...

Diálogo com o texto Sobre o Silêncio e a Verdade do poeta e escritor Julio Cesar Fernandes