Os olhos que me fitam

 

Frente ao espelho eu também me vejo e me pergunto se ainda me reconheço. Quanto tempo passou desde que aquela menina de olhos anil-azul-violeta me encontrou numa esquina da vida e me olhou nos olhos com tanta profundidade naquele único instante supremo e sagrado - quando me encontrei comigo mesma e com você.

 

Ao lembrar minha primeira visita ao teu jardim de flores e montanhas sinto um baque no coração. A força da emoção ainda ressoa, ainda ecoa em meus pra dentro como uma sineta soando por entre os cimos das montanhas anunciando celebrações ancestrais.

 

Como você, me pergunto sobre os olhos que me fitam. Sou eu ou é você que me perscruta pela claraboia do tempo? Sei que somos um, se olhando no espaço e no tempo, desvendando-se, conhecendo-se em profundidade, descobrindo-se e, ao mesmo tempo, reconhecendo-se um no outro.

 

Eu me toco e te toco, me acarinho e te acarinho... O meu coração bate no teu peito e sinto em mim o acelerar do teu ao me olhares no vidro niquelado do espelho.

 

Quando me olho e te vejo minhas faces coram, alfazemas se acendem e espalham seu cheiro amadeirado pelo ar e vejo as asas de um anjo que batem suavemente ao sabor do vento que nos traz, naquele momento único, o cheiro e a beleza de todas as cores, de todos os tempos, de todas as estações... o Amor!

 

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