Transressurreição

Vou escrever algo para a lua que eu vi com meus olhos na calçada. Nada morre. Essa memoria nao some entre espectros de novos dias e novas experiencias. Eu te amei. Cheia. Ficamos conversando e o tempo nao seguia e as pessoas nao passavam. O mundo é tranquilo como um mar agitado que se ve da areia segura. Eu voltei varias vezes. Voltei porque o amor é mais forte que minha cabeca e meu corpo e a morte. Voltei porque a pupila do meu olho e a lua cheia redonda se encararam como irmãs num mundo em que nao estou sozinho. Deixei palavras no calçamento. Deixei meu corpo no calçamento e nem sei dizer quanto tempo. Nem sei dizer quantas palavras. Quantas vezes. Escrevi sobre o quanto me fuderam e sobre o quanto eu amava todo mundo. Escrevi sobre coisas que eu tinha visto por ai como se fosse o tempo dando voltas ao redor da noite. Voltei pra casa deixei a chave do lado do portão. Deixei a chave, peguei mais papel, uma faca (lapis) e um lapis (faca). Voltei pra rua. Acordei no hospital. Estou com medo e amor nos proximos dias, mas nem sei, o tempo é jovem. Como se estivesse na areia segura vendo um mar agitado. O amor é tranquilo assim. Aqueles olhos ficaram na calçada. A lua voltou para o céu. Agradeço e peço desculpas por todas as palavras. Agradeço e peço desculpas por todas as palavras sem som, por todas as palavras tremidas escuras e os nadas nos nadas. Alguma coisa é mais forte que a morte. Transrressureição. Eu acredito. Eu acredito em vocês.

Nia Ferreira
Enviado por Nia Ferreira em 28/03/2024
Código do texto: T8029645
Classificação de conteúdo: seguro