Telegrama
Meu coração hoje está em chamas.
Sinto-me invadido por uma atípica felicidade.
É como se eu houvesse ganhado algo muito valoroso,
Inestimável.
Se eu ainda estivesse vindo
De uma fenomenal bebedeira amnésica
Ainda vá lá, poderia eu estar confuso,
Mas não sofro deste mal,
Pelo menos hoje.
Então de onde vem esta sensação?
Passo o dia buscando respostas
Procurando pessoas,
Rastros...
Pistas que me desvendem este mistério.
Reviro meu peito minuciosamente
E nem em mim mesmo encontro algo.
O silêncio me faz companhia e ainda assim
Insisto, insisto bravamente até o cansaço.
Desisto. Esqueço o assunto.
E eis que no ápice do meu esquecimento
Chega-me a resposta, num telefonema.
Um chamado ansiosamente esperado
Que mudará o rumo da minha vida.
Do outro lado da linha, meu pai.
Em suas mãos um telegrama que acabara de chegar.
Nele, o motivo da minha euforia
Que a minha ignóbil razão desconhecia
E meu coração já festejava.
Deus seja louvado. É hora de viver.