Carta/Denuncia: Governo, saúde pública, polícia militar e o povo. Relações de difícil manejo

Exmo Sr. Governador do Estado de Minas Gerais.

Prezado Dr. Governador Aécio de Almeida Neves.

Nos parâmetros da dignidade humana e nos princípios legais, nos quais foi eleito para representar o cidadão mineiro diante do Estado de direito que integra a união, venho respeitosamente prestar denúncia formal. Os fatos são os seguintes:

Eu, Charley Antônio dos Santos, Solteiro, Professor e bacharel em História, RG M-5633853, nascido aos dias 13/05/1971, nesta capital.

Do caos da Saúde Pública à Polícia Militar

É de causar estrema indignação que um órgão que deveria dar proteção e promover a manutenção da ordem é, infelizmente, omisso nos seus desígnios pragmáticos e humanitários. Não podemos generalizar, contudo, deve ou deveria ser do conhecimento de vossa excelência as falhas que operam na Polícia Militar de Minas Gerais.

O serviço 190 o qual deveria prestar socorro imediato aos cidadãos pagantes ou não de impostos, na maioria das vezes se omite diante das denúncias prestadas por homens e mulheres de bem. O fato é que eles não comparecem para ocorrências solicitadas por pessoas em situações deprimentes, principalmente, diante da falta de atendimento médico nos hospitais públicos tanto na capital como, provavelmente, no interior do Estado. Não mais é de se estranhar o tratamento impaciente e sem interesse dos funcionários que operam na máquina burocrática do governo. Entretanto, no serviço 190, os atendentes, os quais recebem do erário o salário e suas rendas, não dão a devida importância quando o chamado se refere às denuncias referentes ao mau atendimento nos hospitais. A polícia, em tais casos, literalmente não comparece. Salvo os locais de PA (pronto atendimento), que os policiais ficam de prontidão. Mas o fato não deixa de ser irônico meu prezado e respeitado Governador! Muitas das vezes são os reclamantes que sofrem com a opressão da Polícia. Médicos e outros profissionais são protegidos por nossa força policial militar e os doentes, à espera de atendimento e com ostensivo sofrimento, são ameaçados de serem processados por desacato à autoridade, e a uma lei que pune com até 6 (seis) meses de prisão e ou multa aqueles que desacatam funcionários públicos. Só que, Sr. Governador! Talvez futuro Presidente da República. Qual a lei que ampara os cidadãos que sofrem de maus tratos dos seus servidores que andam fardados? Eles também são pagadores de impostos e, certamente, respaldam a legitimidade de seu mandato! Mas não é possível suportar tanta incompetência, em tempos de polícia comunitária e unificação das policiais numa bela propaganda de segurança pública de “primeiro mundo”. O fato é, repito, que jogo de “empurra, empurra” dos hospitais e prontos socorros, a polícia não comparece para sequer oferecer esclarecimentos, ou mesmo defender o cidadão e sim para dar respaldo a argumentos medíocres e caducos de médicos. Tanto o governo como a polícia, por hora, andam esquecendo aqueles que dependem dos serviços públicos e aqui e acolá estão padecendo em imensas filas esperando o direito ao atendimento. Infelizmente, e seria bom o senhor ver isso um dia, alguns pacientes são primeiramente atendidos pela morte. Os policiais, meu prezado e respeitado Governador, quiçá, governador da República, desfrutam de hospitais militares. Quando uma viatura chega por chamado de alguém que não consegue atendimento médico os seus comandados fazem o contrário do que deveriam: ouvem os funcionários dos órgãos de saúde, fazem a famosa ocorrência e vão embora. Isso, quando fazem! Ainda por cima, com muita e ostensiva má vontade. E o paciente? Obviamente este, coitado, continua à mercê da mediocridade dos atendimentos e expostos ao público, a comentários vexatórios, sentimentos de angústia e indignação por não ter podido contar com o braço forte, armado e bem pago da Polícia Militar.

O estranho, e afirmo que não estou fazendo apologia ao extermínio dos meliantes, é que quando o atendimento é para um ladrão os benditos são atendidos como verdadeiros senhores e quem sabe doutores do crime, uma vez que na troca de tiros com a polícia ou com gangues rivais são feridos. É impressionante a eficácia do socorro em tais casos. E venha ele de onde vier, da PM, da PC ou dos hospitais que os recebem e infelizmente colocam em perfeita saúde para voltar ao crime, não obstante, os trabalhadores morrerem em filas de hospitais em um campo onde nada é feito.

No dia 24 (vinte e quatro) de janeiro desse ano (2008) no inteiro do ambulatório Borges da Costa no complexo do Hospital das Clínicas, com fortes dores nos dois pés, procurei atendimento médico hospitalar. Já havia passado por diversos hospitais e sem sucesso e com fortes dores e tonteira resolvi por chamar a nossa mais que secular Polícia Militar. Antes que ela chegasse a coordenadora do ambulatório disse que de nada adiantaria o meu chamado, pois estava perdendo era tempo. E não é que ela tinha razão? Fiquei esperando, esperando e esperando e a polícia nada de chegar. A atendente, certamente, riu de minhas dores e lamentos. O interesse, contudo, era ser atendido, haja vista o desrespeito ao cidadão mineiro que paga os devidos impostos. Nesse sentido, novamente liguei do meu celular (31) 99169385 para a mais que bi-secular PMMG e o atendente disse com frieza típica desse tipo de serviço “_ Espere que estão à caminho. Esperei com esperança, mas nada foi feito. Eles não chegavam. Tentei ligar para um amigo policial militar, pois estava literalmente desesperado e com fortes dores nos pés, na cabeça e com muita tonteira. O grande amigo e policial fez o que pedi; “_ Vou solicitar o 190 para você e te ligo em seguida”. Assim foi feito. Em alguns minutos o amigo que liguei retornou e disse: “_ Solicitei para você! Mas não havia registro do seu chamado lá”. Respondo: “_ Como não?”. Eu havia ligado duas vezes. Caro e respeitado Governador, talvez, futuro presidente de nossa República, quanta indignação. Sou pagante de impostos e faço parte da massa que elegeu o ainda deputado federal Aécio Neves, homem sério e reto que vi em Diamantina na casa do grande Juscelino Kubitschek. Infelizmente, não aceito de nenhuma forma ser tratado dessa maneira. Pior ainda, a coordenadora já citada chamou um senhor franzino e que me parecia sincero chamado Sr. Daniel Dias que se identificou como médico gerente do ambulatório. Aquele senhor, no qual depositei tanta esperança, pois a PM não chegava, logo se mostrou hipócrita, grosso, despreparado e, literalmente, autoritário no lidar com as pessoas. No meu entendimento, o Sr Daniel, naquele momento, talvez até em outros, não deveria sequer ser veterinário. Os animais não merecem tamanha ignorância. Eu sentado com fortes dores nos dedos dos pés e com a cabeça rodando ainda tive que lidar com um verdadeiro “animal”, o qual tem por obrigação hipocrática atender os moribundos. O sr. Daniel Dias, mesmo franzino cresceu e mostrou suas garras dizendo que em nada adiantaria o respaldo da ocorrência policial. Descontrolado, o veterinário deu ordens para a coordenadora do ambulatório chamar a segurança do estabelecimento para que me colocassem no olho da rua. O médico, que não chamarei de doutor, pois nem mesmo sei se é, pois são doutores somente aqueles aprovados em bancas respeitadas de doutorado, e nem mesmo sei se o indivíduo tem tal título, chegou até à cadeira em que eu estava sentado e, por duas vezes com o dedo em meu rosto e com voz agressiva repetiu que o hospital não tinha obrigação de fazer micro cirurgias nos dedos de ninguém. Prezado e respeitado Governador, provavelmente, o futuro representante do Brasil, veja em que ponto chegamos: um ser humano sendo colocado para fora de um complexo público. Onde está a secretaria da saúde? Em que local se encontra a segurança tão almejada? Em que momento a PM chegaria? Onde estavam os seus subordinados? A quantas anda o campo normativo que lhe garante plenos poderes de discricionariedade? Se que nada vai acontecer com o idiota desse denominado médico Daniel Dias. Estou requerendo à vossa excelência, futuro presidente do Brasil, ou de quem for a competência, que repasse tal acontecimento e chame o médico do Hospital Borges da Costa, na Av. Alfredo Balena nº 110, Complexo do Hospital das Clínicas em Belo Horizonte e pergunte o que aconteceu. Não me importo de ser acareado com ele. Quero saber porque eu teria que ser colocado para fora, uma vez que não havia sequer perturbação da ordem e o famigerado médico não era o proprietário do estabelecimento. Qual o motivo da agressão verbal? Os dedos em riste? Se o complexo se encontrava em férias, qual a minha culpabilidade? Doença não entra de férias Governador! Até que tentei conversar com meus dedos e neurônios, mas as dores, literalmente confundiram minhas sinapses, e estava muito vulnerável para tanta violência. Inclusive, fiquei pensando que teria chamado a PM para mim e não para o cuidado que deveria ter o direito dos cidadãos. Solicito, por esperança, perseverança, segurança, honestidade e verdade que o senhor tenha a caridade de encaminhar este caso para o Conselho Regional de Medicina e, por conseqüência, que se faça a instauração de um processo administrativo, pois o Sr. Daniel Dias não é digno do cargo de gerente daquela unidade. Solicito uma coisinha a mais, por que a PMMG demorou a chegar? Não caberia verificar a demora? O caso era grave, mas era no dedo, imagine se fosse em outro órgão?

Gostaria de afirmar que a PMMG chegou e não é que o idiota do sr. Daniel Dias tinha toda razão! A PMMG nada fez. Perguntou a coordenadora o que aconteceu e me disse: “_ O que você quer?” Cansado e aliviado, pois o Estado havia chegado, eu afirmei: “_ Queria atendimento, mas agora sei que desejo a ocorrência policial e, mais que isso, quero ser medicado”. Dois cabos lotados no 1º BPM de Minas Gerais, Bairro Santa Efigênia da capital, fizeram a ocorrência, mas logo, logo, foram embora sem nem mesmo prestar esclarecimentos. A ocorrência de nº 5013859 deixo em anexo junto com as fotos do estado em que se encontrava os meus dedos naquele exato momento. Infelizmente, não tive como medir minha temperatura, tampouco a freqüência cardíaca e a intensidade da tonteira e da dor de cabeça que se iniciou logo depois da fala mal educada do sr, Daniel.

Saí indignado daquele açougue e fui parar no PU da região denominada Venda Nova. Naquele local, duas atendentes sorridentes e educadas me disseram: “ _ Aqui não trata de inflamações oriundas dos dedos, você tem que agendar no posto de saúde, mas vou fazer sua ficha assim mesmo”. Que alívio! Pelo menos uma ficha. A ficha de pré-atendimento foi elaborada com bom humor e causou-me um certo alívio, principalmente depois que ouvi as seguintes palavras: “_ Espere, vou mandar sua ficha para o setor de micro cirurgias, o seu dedo pode dar uma gangrena”. Sem almoço, por de 18 horas, sentindo muita dor, sentei e aguardei. Em pouco mais de 15 (quinze) minutos fui chamado. Esse sim. É um sujeito digno de ser chamado de Doutor. No caso, Doutor Marcelo. Aquele jovem médico, lembrou-me de Hipócrates e logo me pareceu um Doutor em solidariedade, em sensibilidade humana, em relações com os seus pacientes... Digno de comandar um Hospital como o Hospital Borges da Costa. Após a devida observação, rapidamente mandou-me sentar em sua sala e olhou com acuidade os meus pés. Fiquei assustado com suas palavras “_ O seu caso é para encaminhamento, mas o tempo que vou gastar para preencher o papel e te encaminhar é muito grande e pode piorar, vou fazer a cirurgia em você, pois é mais rápida e certeira. Deite na maca”. Assim fiz. Anestesiado e em menos de 15 (quinze) minutos já estava indo embora. Prezado e respeitado Governador Aécio Neves, talvez o melhor Presidente deste país, a matéria é deletéria, é putresívela mas não é sem dor. Somos humanos fadados ao sofrimento, à angústia e ao padecimento. Mas não somos feitos para sermos maltratados e sim amados, respeitados como seres humanos que sentem e precisam de ajuda, cuidado, amor e afeto, principalmente nos momentos em que estamos muito vulneráveis. Não somos insensíveis como o Sr. Daniel Dias. Somos seres humanos que experienciamos a dor, o desamor, o pavor, o terror, mas nada mais desejamos que respeito e o alívio inerente das dores deste mundo. O Sr. Daniel Dias não deve ter família tampouco sensibilidade humana! Sua existência e trabalho não estão compatíveis com a medicina, com a solidariedade e a humanidade. Esse com certeza não estudou com o Dr. Marcelo. Aproveito para deixar os meus sinceros votos de ingratidão ao Sr Daniel Dias e meus mais que sinceros agradecimentos e votos de sucesso caso não mais este sujeito seja chefe do Hospital Borges da Costa. Minha gratidão, meu amor de Irmão, sem culpa, sem razão vão para o profissional da saúde e homem sem igual Dr. Marcelo. Parabéns, obrigado Dr. Marcelo.

Cordialmente,

Charley Antônio dos Santos

PS: Não somente devemos ditar as mazelas que encontramos no caminho, mas é de capital importância enfatizar o que é de bom e de essencial tem sido feito na administração pública. No caso em tela, espero ter deixado os acontecimentos em evidência e para que outros também façam suas reclamações visitem o site http://www.recantodasletras.com.br/autores/charley

Charley Antonio dos Santos
Enviado por Charley Antonio dos Santos em 31/01/2008
Reeditado em 22/11/2011
Código do texto: T841275
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